Uma doença de origem desconhecida fez, até agora, 79 mortos na República Democrática do Congo e afetou quase 380 pessoas, o que levou o Governo a pedir ajuda à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em declarações à Renascença, Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANSMP), admite que poderemos estar perante "um vírus respiratório agora descoberto", mas salvaguarda a necessidade de acompanhar a evolução da situação e sugere atenção especial para todas as pessoas que cheguem a Portugal provenientes do Congo.
Agora, a OMS vai recolher amostras por forma a tentar identificar a origem desta doença que provoca febre, dores de cabeça, corrimento nasal, falta de ar e anemia.
"É importante estarmos atentos, a controlar as situações. Sabemos que as pessoas que provêem desse país devem ser alvo de uma automonitorização dos seus sintomas para ver se desenvolvem algum destes e [para] que possam ser necessariamente avaliados e, possivelmente, até um pouco mais isolados para evitarmos que haja uma propagação de doenças novas que possam trazer alguma complicação", explica Tato Borges.
Muitas pessoas têm morrido em casa, sem qualquer acompanhamento profissional e a maioria das vítimas são adolescentes, todas da província do Kwango, que faz fronteira com Angola.
Não sabemos se é uma variante da Covid ou se poderá ser uma outra coisa completamente diferente"
O Ministério da Saúde do Congo da Saúde Pública do Congo fala numa situação preocupante e apelou à população que tome medidas de precaução para evitar contágio.
O presidente da ANSMP, refere que, "acima de tudo" é necessário "manter a monitorização do que se está a passar neste momento na República Democrata do Congo" e "esperar que a equipa que a OMS está a enviar para lá possa rapidamente descobrir alguma característica importante e possa até explicar porque é que esta doença dá anemia, que será uma das situações menos comuns dentro dos sintomas que estamos a descrever".
"Tendo em conta que isto ocorreu num espaço de tempo curto e os sintomas são mais ou menos inespecíficos, mais ou menos associados àquilo que seria uma infeção respiratória aguda, eu diria que estaremos presentes perante um vírus respiratório, provavelmente, que terá agora sido descoberto. Não sabemos se é uma variante da Covid ou se poderá ser uma outra coisa completamente diferente", explica.
Tato Borges relembra ainda que, "neste país, a cobertura vacinal é sempre baixa para uma parte das doenças, pelo que também há um maior risco de aparecimento de novas situações, como foi por exemplo o aparecimento da mpox".
A República Democrática do Congo é afetada pela epidemia de infeção por mpox, tendo mais de 47 mil casos suspeitos e mais de 1000 mortes suspeitas da doença no país centro-africano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.