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Francisco Ramos, coordenador da "task force" para o plano de vacinação contra a Covid-19 em Portugal, condena o uso inadequado de vacinas e explica que o não desperdício e a vacinação em pessoas integradas no grupo prioritário quando há sobras de vacinas são os critérios definidos atualmente.
Sem querer comentar os casos divulgados dos autarcas de Reguengos de Monsaraz e Arcos de Valdevez que receberam a vacina sem pertencerem ao grupo da fase 1, Francisco exemplifica à Renascença as três situações que podem ocorrer com as vacinas.
"Há dois critérios, que é o não desperdiçar e encontrar pessoas que estejam consideradas na fase 1. Por exemplo, nos lares falamos de frascos que têm seis doses. O número de doses pode ser igual às pessoas a vacinar, podem faltar doses e aí convidamos os profissionais de saúde a deslocar-se ao centro de saúde para serem vacinados, ou sobrarem doses. Aí a recomendação é aproveitar em profissionais de saúde ou pessoas consideradas na fase 1 de vacinação", explica.
Francisco Ramos admite o uso indevido de vacinas na primeira fase, mas considera que é mais importante discutir como tornar o plano de vacinação mais eficaz do que os eventuais desvios que define como lamentáveis.
"A vacinação é suficientemente importante para todos nós, que estamos bem despertos face às condições que vivemos. A esperança que depositamos na vacinação recomenda-se que seja fácil a adesão às regras para que o plano corra da melhor forma possível e que se discuta a forma como pode ser melhorada a execução do plano e não andarmos a discutir eventuais desvios ou uso inadequados das vacinas, que é lamentável, mas que pode acontecer numa operação desta dimensão", explica.
Os dois autarcas que receberam a vacina são igualmente responsáveis por por instituições sociais que acolhem idosos. Em resposta à Lusa, sobre o caso de José Calixto, em Reguengos, o gabinete da Ministra da Saúde respondeu que a decisão sobre as pessoas a incluir na lista de funcionários e utentes dos lares para a vacinação pertence a cada estabelecimento. E não refere a regra de optar por pessoas prioritárias, como frisa Francisco Ramos.
900 vacinas resgatadas do acidente
Este sábado, cerca de 900 profissionais de saúde do hospital de S.Bernardo e da Proteção Civil de Setúbal, nomeadamente bombeiros, vão ser vacinados com as vacinas que estavam em 150 frascos que seguiam na carrinha que teve um acidente na A2 na quarta-feira.
"Seguindo o princípio mais importante que é não desperdiçar, foi possível recuperar do acidente 150 frascos, que serão usados na vacinação dos profissionais de saúde em Setúbal e promover a vacinação em agentes da proteção civil. Vai decorrer amanhã, no sábado. São cerca de 900 vacinas, correspondentes a 150 frascos", termina.
O prazo para administração das vacinas naqueles frascos termina domingo e por isso, a vacinação decorre este sábado, no Hospital de Setúbal, de onde, por razões técnicas não podem sair. Já esgotaram os limites para a sua movimentação, explicou Francisco Ramos à Renascença.