A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP) acusa o primeiro-ministro de pretender desviar as atenções das reivindicações da classe.
Em causa está a carta aberta que António Costa enviou às plataformas de sindicatos da PSP e da GNR, depois de o presidente do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL) ter admitido a possibilidade de o protesto poder, no limite, impedir o transporte dos boletins de voto e das urnas nas legislativas de 10 de março.
Na missiva, Costa considera que um possível boicote eleitoral seria um ato de “traição à democracia”.
Confrontado com as afirmações do presidente do SINAPOL, o presidente da ASPP/PSP reconhece que “não o teria dito daquela maneira”, porque “não pode estar em causa o funcionamento da liberdade política dos cidadãos portugueses”.
Em declarações à Renascença, Paulo Santos lembra, contudo, que o primeiro-ministro está a fazer "um aproveitamento para secundarizar aquilo que é a sua responsabilidade no problema que temos”.
Perante o argumento, reiterado por Costa, de que um Governo de gestão não pode assumir compromissos orçamentais definitivos, o dirigente sindical deixa uma de duas opções: “ou o primeiro-ministro considera esta questão excecional - e há instrumentos e legitimidade para dar uma resposta; caso não concretize isto como algo excecional, vai adiar o problema com as consequências que daí possam advir”.
Consequências que “os polícias não desejam”, garante o sindicalista.