Traição à democracia? ASPP acusa Costa de "aproveitamento" com ameaça de boicote eleitoral
06-02-2024 - 09:37
 • André Rodrigues

Presidente do maior sindicato da PSP reconhece que as afirmações do presidente do SINAPOL, sobre um eventual boicote às legislativas de 10 de março, terão sido exageradas, mas entende que "houve uma extrapolação" e um "aproveitamento" por parte do primeiro-ministro.

A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP) acusa o primeiro-ministro de pretender desviar as atenções das reivindicações da classe.

Em causa está a carta aberta que António Costa enviou às plataformas de sindicatos da PSP e da GNR, depois de o presidente do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL) ter admitido a possibilidade de o protesto poder, no limite, impedir o transporte dos boletins de voto e das urnas nas legislativas de 10 de março.

Na missiva, Costa considera que um possível boicote eleitoral seria um ato de “traição à democracia”.

Confrontado com as afirmações do presidente do SINAPOL, o presidente da ASPP/PSP reconhece que “não o teria dito daquela maneira”, porque “não pode estar em causa o funcionamento da liberdade política dos cidadãos portugueses”.

Em declarações à Renascença, Paulo Santos lembra, contudo, que o primeiro-ministro está a fazer "um aproveitamento para secundarizar aquilo que é a sua responsabilidade no problema que temos”.

Perante o argumento, reiterado por Costa, de que um Governo de gestão não pode assumir compromissos orçamentais definitivos, o dirigente sindical deixa uma de duas opções: “ou o primeiro-ministro considera esta questão excecional - e há instrumentos e legitimidade para dar uma resposta; caso não concretize isto como algo excecional, vai adiar o problema com as consequências que daí possam advir”.

Consequências que “os polícias não desejam”, garante o sindicalista.