O Presidente da República considerou esta quinta-feira que será uma "injustiça" a aplicação de eventuais sanções a Portugal por causa do ano de 2015 e assegurou que vai explicar as razões em Berlim no próximo fim-de-semana.
"Eu acho que há um tema fundamental para tratar em Berlim e esse tema fundamental é o tema das sanções. Eu penso que é uma injustiça estar a aplicar sanções a Portugal por causa do ano de 2015 e vou explicar isso. Há razões para isso, não é uma razão sentimental ou emotiva", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa no final de uma visita à feira de arte ARCO, em Lisboa.
O Presidente da República inicia no próximo fim-de-semana uma visita oficial de dois dias, a Berlim, na Alemanha. Marcelo Rebelo de Sousa enumerou os motivos pelos quais considera injusto a aplicação de eventuais sanções a Portugal e sublinhou que a Alemanha tem um papel essencial nesta matéria.
"Primeiro, Portugal fez tudo o que devia ser feito, em segundo lugar, as divergências são de contabilização -- 0,4% -, terceiro, acontece que nunca foram aplicadas as sanções, quarto, sucede que isso é um sinal de falta de compreensão e de solidariedade em relação aos sacrifícios do povo português, quinto, não é um estímulo para 2016 e para o esforço que é preciso continuar a fazer no plano orçamental", explicitou o Presidente da República.
Na quarta-feira, o presidente do Eurogrupo e o vice-presidente da Comissão Europeia responsável pelo Euro admitiram, em Bruxelas, que há "algumas preocupações" entre certos Estados-membros relativamente ao adiamento de sanções a Espanha e Portugal devido ao défice excessivo.O presidente do Eurogrupo disse esta terça-feira, em Bruxelas, que a aplicação de sanções a Portugal e Espanha por défice excessivo é uma "possibilidade séria devido à situação actual do país". Jeroen Dijsselbloem espera pelas explicações da Comissão para optar por não sancionar Portugal e Espanha, pelo menos até Julho.
"As sanções são absolutamente uma possibilidade, estão nas nossas regras e regulamentos, e quando olhamos para a situação actual em Portugal e Espanha há razões sérias para considerar a sua aplicação, mas iremos ouvir da Comissão o porquê da decisão", declarou Dijsselbloem, à entrada para o Conselho de Ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo).