Cem pessoas por dia, durante cinco dias, em acampada – ou seja, uma espécie de acampamento em Covas do Barroso – para protestar contra as minas de lítio projetadas para aquela localidade do concelho de Boticas.
A iniciativa, que começa este sábado e se prolonga até dia 18 de agosto, é organizada pela Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso e conta com a participação de outros movimentos e coletivos, entre os quais a Greve Climática Estudantil e a Caravana Zapatista.
“É apenas uma atividade que consideramos importante nesse momento para dar visibilidade à luta aqui em Covas do Barroso e esperamos que possa sensibilizar as várias pessoas que irão visitar a região nestes dias”, conta à Renascença Francisco Venes.
A luta do povo, lembra o representante da Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso, visa contestar “a presença de um projeto com elevados impactos ambientais e sociais para a população, que está a poucos metros da aldeia, e irá transformar significativamente a qualidade de vida das pessoas e do ambiente”.
Francisco Venes não tem dúvidas de que o ruído e a falta de qualidade do ar poderá levar muitos habitantes a abandonar a terra onde nasceram e construíram os seus sonhos.
“Várias pessoas falam na possibilidade de abandonar as suas casas por não terem condições para viver de forma tranquila e com a qualidade de vida que tiveram até aos dias de hoje”, conta.
Durante os cinco dias, os participantes de várias regiões do país e da Galiza vão participar em diferentes atividades, entre elas uma ação simbólica, conversas e debates sobre mineração e Justiça Ambiental, projeção de filmes, workshops e vários momentos de confraternização.
A ideia, segundo Francisco Venes, é informar e sensibilizar para os “perigos e malefícios provocados pela exploração do minério” e, ao mesmo tempo, dar a conhecer o modo de vida das gentes de Covas do Barroso que “corre sérios riscos se a exploração maneira se concretizar”.
As freguesias de Covas do Barroso e Couto de Dornelas, para onde está prevista a exploração de lítio a céu aberto, fazem parte de uma região agrícola dominada pela produção pecuária e pelas culturas típicas das regiões montanhosas, onde se mantêm as formas tradicionais de trabalhar a terra ou tratar os animais e, por isso, integram o Património Agrícola Mundial (GIAHS), um dos primeiros a ser aprovado na Europa.
A Mina do Barroso situa-se em área das freguesias de Dornelas e Covas do Barroso e o projeto está a ser promovido pela empresa Savannah Lithium, Lda., que prevê uma exploração de lítio e outros minerais a céu aberto. A área de concessão prevista é de 593 hectares.
De acordo com a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso, a mina da Savannah “é o projeto de extração de minerais de lítio mais avançado em território português. É a primeira de várias minas que o Governo português pretende desenvolver, algumas aqui na região do Barroso, mas também noutras partes do país”.
No âmbito da consulta pública do EIA da Mina do Barroso, que terminou em julho, foram efetuadas 170 participações e a decisão final deverá ser anunciada pela Agência Portuguesa do Ambiente nos próximos três meses.