Guerra na Ucrânia. PSD defende que Costa deve demarcar-se de Lula da Silva
16-04-2023 - 12:39
 • Ricardo Vieira

Paulo Rangel diz que Presidente brasileiro é bem-vindo a Portugal, mas lamenta as posições políticas do Governo do Brasil sobre a guerra na Ucrânia.

O Governo português deve demarcar-se da posição do Presidente brasileiro, Lula da Silva, sobre a guerra na Ucrânia, desafiou este domingo o vice-presidente do PSD, Paulo Rangel.

O dirigente social-democrata diz que Lula da Silva é bem-vindo a Portugal, mas lamenta as posições políticas do Governo do Brasil sobre a guerra na Ucrânia.

"O PSD não pode deixar de discordar, criticar e lamentar as opções de política externa do Brasil no que à invasão da Ucrânia e à guerra de agressão da Rússia diz respeito, bem patentes em múltiplas declarações do Presidente do Brasil e, em boa verdade, até já declarações do seu antecessor”, afirmou Paulo Rangel, em conferência de imprensa, no Porto.

O Presidente brasileiro defendeu, no final de uma visita à China, que os Estados Unidos devem parar de "encorajar a guerra" na Ucrânia e a União Europeia "começar a falar de paz".

Lula da Silva, que visita Portugal entre 22 e 25 de abril, manifestou o seu apoio ao plano de paz chinês.


O vice-presidente do PSD considera que “não podemos pactuar nem contemporizar, impávidos e serenos, com as declarações reiteradas que omitem que há um Estado agressor e um Estado agredido, que há uma agressão da integridade territorial da Ucrânia que rasga os princípios consagrados do Direito constitucional, que a Federação Russa e o regime de Putin têm cometido sucessivos crimes de guerra, massacrando as populações ucranianas”.

Paulo Rangel afirma que Portugal, como membro da União Europeia e da NATO e como país que recebeu dezenas de milhares de refugiados ucranianos, não pode ignorar a posição do Brasil.

"O Governo português, respeitando por inteiro a soberania do Brasil, não pode deixar de se demarcar, pelas vias diplomáticas adequadas, mas também publicamente, da afirmação de que a União Europeia, a NATO e os Estados Unidos estão a fomentar e a estimular a guerra. Não pode aceitar-se a imputação de que a Ucrânia deve perder a Crimeia ou de que o Presidente Zelensky é responsável pelo conflito, não se pode ficar indiferente perante o ataque bárbaro de uma autocracia a um estado independente, soberano e democrático."

O primeiro-ministro, António Costa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, “têm a obrigação estrita de contraditar a condenação pública agora feita de que a UE é hoje uma parte com intervenção direta na guerra”, apela o vice-presidente do PSD.

Paulo Rangel considera que a visita de Lula da Silva a Portugal é "oportuna e útil", mas perante a posição de Lula da Silva o Estado português tem que tomar uma posição.

"Esta visita não pode ser feita com um silêncio sobre esta matéria, quando se acusa Portugal de estar em guerra e a fomentar a guerra, quando não é isso que Portugal tem feito", sublinha o dirigente do PSD.