O Papa Francisco nomeou esta sexta-feira um novo bispo para a diocese de Angra. D. Armando Esteves Domingues, 65 anos, natural de Oleiros (Castelo Branco), era bispo auxiliar do Porto desde 2018. Segue agora para os Açores, e fez já questão de saudar o arquipélago “ nas suas nove ilhas, com toda a sua cultura e património e tradições”.
“Angra já é para mim a diocese mais bela do mundo, não só pela beleza ímpar delas, mas pelas pessoas, porque já são a minha gente, são minha família”, afirma na mensagem áudio enviada à Renascença, garantindo que vai para “caminhar com todos” na nova diocese.
“Vai ser tempo para nos conhecermos e darmos a conhecer, porque não se caminha com quem não se conhece. Não levo, por isso, plano preconcebido nem soluções mágicas, mas procurarei inserir-me no caminho que a diocese está a fazer. O Espírito Santo nos dirá os caminhos a seguir”.
“A Jornada Mundial da Juventude e o percurso sinodal são já dois pontos fortes que sei que também ocupam a diocese. Vou para caminhar com todos. Chegarei da melhor vontade e para fazer o melhor que sei e fazê-lo com todos”.
Na mensagem que acaba de publicar, D. Armando deixa um agradecimento à diocese do Porto e ao seu bispo, com quem diz ter trabalhado nos últimos quatro anos “num clima de muito respeito, grande ajuda e amizade”.
Armando Esteves Domingues nasceu a 10 de marco de 1957, na paróquia e freguesia de Oleiros, no distrito de Castelo Branco, numa família numerosa: é o oitavo de onze irmãos.
Ordenado sacerdote em 1982, na diocese de Viseu, teve a seu cargo a responsabilidade de inúmeras paróquias. Foi capelão militar na Força Aérea, assistente dos escuteiros, das Equipas de Casais de Nossa Senhora e do Movimento de Educadores Católicos.
Ligado à espiritualidade do movimento dos Focolares, também colaborou com os Cursilhos de Cristandade e foi professor de Religião e Moral (EMRC), de Ética e Desenvolvimento Pessoal, e formador no Seminário Maior de Viseu.
Era Vigário Geral da diocese (desde 2015), quando em 2018 foi nomeado bispo auxiliar do Porto. Esta sexta-feira, 4 de novembro, foi anunciado como novo bispo de Angra.
Nomeações deviam ser “mais céleres”
À Renascença, o bispo do Porto D. Manuel Linda sublinha a cordialidade com que trabalhou com D. Armando Domingues, e congratula-se com a nomeação, apesar de deixar a diocese com menos um bispo auxiliar.
“É uma perda para nós, é uma perda grande, mas também é motivo de alegria, porque ele foi ‘achado digno’ – para usar uma expressão tipicamente da liturgia – de assumir uma grande diocese como a de Angra. Portanto, há um sentimento de perda, mas também sentimento de que a Igreja é isto: é o serviço onde formos preciso”.
D. Manuel Linda concorda que as nomeações de novos bispos deviam ser “mais céleres”. “Do que vou sabendo, vejo que por exemplo em Espanha há cerca de 20 bispos que estão em falta. Portanto, estou convencido que será do próprio esquema de funcionamento da Santa Sé, e que não seja apenas aqui em Portugal. Agora, que devíamos ser mais céleres, mais rápidos, isso é verdade”.
D. Manuel Linda espera que no Porto as substituições não demorem muito, porque com a saída de D. Armando, a diocese fica desfalcada. “Fico na prática com menos dois (bispos auxiliares), porque também o senhor D. Pio Alves já fez os 75 anos há bastante tempo. Espero que a Santa Sé não se esqueça do Porto, que nesta fase bem precisamos”, afirma.
A diocese de Angra, nos Açores estava em “sede vacante” há mais de um ano, quando D. João Lavrador foi para Viana do Castelo. Nesta altura continuam sem bispos titulares as dioceses de Bragança e Setúbal.