O Presidente da República convida o Governo para que o próximo 10 de Junho, Dia de Portugal, se realize na zona de Pedrógão Grande, devastada pelos incêndios de junho de 2017.
Marcelo Rebelo de Sousa discursava na cerimónia de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017, no monumento recentemente aberto, situado na localidade de Pobrais, concelho de Pedrógão Grande, junto à estrada nacional 236-1, onde morreram muitas das vítimas do fogo de junho de 2017.
“Olhando para este memorial, e tenho a certeza que o Governo me acompanhará nisso, penso que é preciso dar mais um sinal de vida", começou por referir o chefe de Estado.
"Esse sinal de vida poderia ser, num tempo em que acabámos de viver a experiência da junção de municípios representando uma região do interior, no Norte, para celebrarem o Dia de Portugal, para o ano ser uma junção de municípios, aqui, no Centro, a preparar a celebração do Dia de Portugal, com o polo principal nestes três municípios, mas abrangendo a comunidade intermunicipal que tem sido tão solidária e municípios vizinhos que são de outra comunidade intermunicipal mas que também padecem do mesmo problema daquilo que é a dificuldade na área do pinhal de reconverter a realidade existente", salientou.
Marcelo Rebelo de Sousa pretende que o próximo 10 de Junho seja "mais do que um dia de celebração de Portugal", mas sim "um compromisso de Portugal com a construção de um futuro ainda mais coeso territorialmente".
O Presidente da República sublinha que as vítimas dos incêndios e o país "merecem" esse compromisso e "o tal sinal de vida que esta água nos quer transmitir", disse Marcelo numa referência ao memorial.
Memorial de alerta
No seu discurso, o primeiro-ministro espera que o memorial às vítimas dos incêndios seja um alerta permanente.
"Este memorial representa o alerta de que o passado corre sempre o risco de se repetir e que Portugal é um país particularmente exposto ao risco das alterações climáticas, que aumenta todos os anos o risco de incêndios", declarou António Costa.
O primeiro-ministro sublinha que "é dever do Estado cuidar de prevenir e enfrentar esse risco", mas também é preciso "a mobilização coletiva de toda a sociedade".
O presidente da Câmara de Pedrógão Grande pediu medidas para repovoar o território e investimentos, sobretudo nas telecomunicações e saúde, durante a cerimónia de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017, junto ao memorial erguido no concelho.
“É um espaço criado pelo Estado, por todos nós, para todos nós. É um espaço resultante da solidariedade do Estado que deve, cada vez mais, olhar para estes territórios de baixa densidade, promovendo o seu repovoamento através de medidas de discriminação positiva e investimentos em diversas áreas, destacando-se as telecomunicações e a saúde”, afirmou António Lopes.
“Manter viva a memória dos que partiram, neste espaço, é tarefa árdua, porque nos envolve na missão de tudo fazer, diariamente, para que acontecimentos daquela natureza não se repitam”, disse António Lopes, considerando que o memorial “é, também, um espaço de refúgio, de respeito, onde o elemento água, conjugado com a terra, se opõe ao fogo”.
António Lopes referiu-se depois à natureza, para salientar que “impera sobre o Homem”, e lembrou que “as alterações climáticas são uma realidade cada vez mais presente no dia a dia”.
A presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) apelou aos políticos para que apliquem todas as suas energias na missão de cuidar do país e, dessa forma, evitarem mais memoriais.
“Peço-vos, enquanto elemento da AVIPG, que todas as vossas energias sejam aplicadas na missão para a qual foram eleitos - cuidar de Portugal -, para que não se façam mais memoriais de futuro. Esse é o vosso desígnio e a nossa esperança”, afirmou Dina Duarte.
“Neste dia e em todos os outros, neste local, honraremos a memória destas vítimas dos incêndios de 2017”, referiu Dina Duarte, que elencou o nome de todas as vítimas mortais, para depois enumerar os feridos e os feridos graves que foram salvos.
Depois de fazer memória ao ano de 2017, a presidente da AVIPG disse que, volvidos seis anos, “é neste local que a água” refresca o ser, para sublinhar que “água é vida”:
“Que 27 de junho 2023 seja o virar da página, que as nossas lágrimas sequem para dar lugar à esperança de um país melhor, de um território onde há futuro. Um país onde há memória, porque um país sem memória do passado não constrói futuro promissor”, acrescentou.