O Reino Unido vai aumentar de seis meses para quatro anos das penas para os migrantes que tentem entrar ilegalmente no país, no âmbito da reforma do sistema de asilo que será discutida terça-feira.
A medida, anunciada este fim de semana pelo Ministério do Interior, surge após um número recorde de travessias do Canal da Mancha, e integra-se no projeto de lei para reformar o sistema de asilo, que vai, na próxima terça-feira, ser discutido no Parlamento britânico, segundo noticiou hoje a agência France Presse (AFP).
O governo planeia ainda introduzir condenações a prisão perpétua - contra os atuais 14 anos de prisão - para os responsáveis por tráfico de pessoas.
O executivo apresentou em março o seu projeto para reformar o sistema de asilo, explicando que o atual estava "sobrecarregado".
O novo programa, apresentado pelo ministro do Interior, Priti Patel, como "justo, mas firme", visa desencorajar a imigração ilegal e planeia tratar os requerentes de asilo de forma diferente, dependendo de como chegam ao país: legal ou ilegalmente.
O endurecimento das condições de imigração foi um ‘cavalo de batalha’ dos apoiantes do agora concretizado Brexit, que acabou com a livre circulação entre o Reino Unido e os países da União Europeia.
De acordo com o Ministério do Interior, é "muito provável que aqueles que viajam para o Reino Unido em pequenas embarcações venham de um país seguro na União Europeia onde poderiam ter pedido asilo".
"Quando for esse o caso, não procuram a primeira possibilidade onde se refugiar", mas "fazem compras" ao "escolher o Reino Unido como destino favorito de outros, usando canais ilegais para chegar lá", refere o Ministério do Interior.
Este projeto de lei surge numa altura em que se regista um número recorde de migrantes que cruzaram o Canal da Mancha a bordo de pequenos barcos, quase seis mil nos primeiros seis meses de 2021.
Os 8.417, número total registado em 2020, poderá ser ultrapassado nos próximos dois meses se o nível das travessias registadas no ano passado em julho e agosto se repetir, segundo estimativas da imprensa britânica.
“Em vez de espalhar deliberadamente mitos e inverdades sobre asilo e imigração, o Ministério do Interior faria melhor em estabelecer meios seguros para os poucos que fogem da perseguição e desejam buscar asilo aqui”, reagiu o diretor da Amnistia Internacional para as migrações no Reino Unido, Steve Valdez-Symonds.