A secretária de Estado da Administração Interna avisa que este domingo será um dia muito complicado de combate aos incêndios.
Em entrevista à Renascença, Patrícia Gaspar confirma que os três piores fogos — Carrazeda de Ansiães, Ourém e Pombal — ainda não estão dominados e que as próximas horas vão ser desafiantes. Ainda assim, espera que sejam dados passos decisivos na contenção das chamas:
"Vamos ter umas horas pela frente ainda muito difíceis, sobretudo após a hora do almoço, momento em que as condições do terreno, sobretudo ao aumento das temperaturas e à questão do vento, se tornam ainda mais complexas. Todo o dispositivo está no terreno. Esta manhã, vão começar, como é hábito, a entrar, também, os meios aéreos. Esperemos que durante o período da manhã seja possível também progredir um pouco mais."
Maior consciência coletiva e programa "de sucesso"
Patrícia Gaspar faz um novo apelo à população para que não use fogo, nem máquinas agrícola. Algo que se houve há muitos anos todos os verões, apesar de metade dos incêndios continuarem a ter mão humana.
A governante considera, não obstante, que a comunicação tem feito caminho. Os números têm de "continuar a reduzir, mas representam já o enorme trabalho que tem sido feito".
"Eu não diria que se tem falhado, pelo contrário. Penso que se fez um percurso notável. Lembro-me bem dos anos em que era perfeitamente normal durante os períodos de verão acabarmos com 300, 400 incêndios só num dia. Lembro-me de um dia em que chegámos aos 600", assinala.
A secretária de Estado nota "uma consciência coletiva muito mais presente e focada" na questão dos incêndios do que há dez anos.
Depois da tragédia de Pedrógão Grande, foi lançado o programa Aldeia Segura, um esforço no sentido de evitar que os incêndios façam tantas mortes como em 2017. Patrícia Gaspar considera que o programa é "um caso de sucesso".
"Estamos neste momento com cerca de 2.200 aglomerados onde estes programas já foram instalados. Temos inclusive situações concretas no passado de incêndios que ocorreram em zonas onde estes programas já existiam, estavam a funcionar e que fizeram a diferença. Portanto, acho que é um caso de sucesso e uma das melhores iniciativas que se tomaram desde 2017", salienta.
Na opinião de Patrícia Gaspar, este programa "permite criar uma resiliência completamente diferente junto das comunidades", sobretudo no interior, onde as pessoas "convivem de forma muito próxima com o risco de incêndio rural".