Ignorância e oportunismo são os termos utilizados por Pinto da Costa sobre as constantes posições das autoridades de saúde e do Governo português relativamente à presença de público nos estádios.
A I Liga vai arrancar na sexta-feira e pelo menos até outubro não haverá adeptos nas bancadas. No editorial na revista "Dragões", o presidente do FC Porto assinalou que, no que toca ao desporto, as autoridades "padecem de dois grandes problemas: são ignorantes e oportunistas".
"Ignorantes porque não sabem reconhecer a importância social e económica de atividades que envolvem milhões de pessoas, como espectadores e como praticantes, que pagam muitos milhões de euros em impostos e que contribuem para o prestígio do país. E são oportunistas porque há certos momentos em que nunca faltam", atirou.
Pinto da Costa fez notar que "seja nas finais da Taça, nos jogos da seleção ou nas alturas em que se assinala algum feito relevante de um desportista português, lá estão sempre os políticos prontos para aparecer e para se colarem ao sucesso que a maior parte das vezes não ajudaram a construir".
"Nos momentos difíceis, quando em causa pode estar a sobrevivência de centenas de clubes e a continuidade da prática desportiva por milhares de pessoas, fazem de conta que não é nada com eles e só agravam a asfixia que podiam mitigar. Caminham para ficar na história como os carrascos do desporto nacional", escreveu o presidente do FC Porto.
Público para uns mas não para outros
Pinto da Costa estranha que no futebol e demais modalidades todos os eventos tenham de ser realizados à porta fechada, enquanto outras áreas são autorizadas a convidar público para diversos recintos.
"Assistimos todos os dias a imagens que só nos podem espantar. As praças de touros do Sul de Portugal estão quase cheias. Os concertos de música e espetáculos de comédia têm plateias preenchidas. Também não falta gente às iniciativas políticas dos partidos e a grandes cerimónias religiosas", assinalou.
A ausência de adeptos do Estádio do Dragão representa um prejuízo anual de 27 milhões de euros para o FC Porto.