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Alexandre Sousa mora em Ovar. O concelho está cercado desde o dia 17 de março. Ninguém entra nem sai e as forças de segurança não arredam pé. “Estamos todos aqui entregues à nossa sorte”, lamenta o empresário que acaba de perder a avó.
Nesta hora de dor e luto para toda a família, Alexandre fala do “aumento visível do número de mortes de idosos no concelho sem diagnóstico da Covid-19”.
“Tenho amigos e conhecidos a passar pelo mesmo. Os nossos familiares mais velhos estão a morrer. As agências funerárias confirmam isso mesmo. Morrem o dobro e não lhes fazem testes de diagnóstico da Covid-19”, acrescenta este habitante de Ovar.
Alexandre Sousa garante que a “população está a cumprir as medidas de confinamento. As ruas estão desertas. As lojas estão fechadas. Há um silêncio. Uma dor.”
São João e Ovar são as duas freguesias com maior número de infetados e onde os funerais de idosos aumentaram para o dobro.
O medo e a incerteza pairam no concelho e os habitantes falam em sensação de abandono.
Abandono, diz Alexandre, “pelas autoridades de saúde nacionais, de quem governa e se esquece de quem está aqui cercado. Longe de tudo e sem acesso aos cuidados de saúde que são tão necessários nesta altura”.
É o que sente este homem, fechado em casa com a família mais próxima já lá vão três semanas. Mas o mais difícil, refere, “é não poder fazer o luto e o funeral junto de quem sofre. De toda a família”.
O concelho de Ovar está cercado desde 17 de março e assim vai continuar pelo menos até ao dia 2 de abril sendo provável que a medida vai ser prolongada.