O Presidente francês disse esta sexta-feira que as agências estatais vão pedir a plataformas como o Snapchat e o TikTok para removerem a maior parte do "conteúdo sensível" relacionado com os protestos em marcha em França, na sequência da morte de um adolescente abatido pela polícia durante uma operação STOP há três dias.
Macron adiantou que vão ser mobilizados "recursos adicionais" para fazer face aos tumultos, mas sublinhou que, para já, não será declarado estado de emergência no país.
Após uma reunião do gabinete de crise que o obrigou a abandonar o Conselho Europeu em Bruxelas mais cedo do que o previsto, Emmanuel Macron disse que as redes sociais estão a servir de combustível para os violentos motins a que o país tem assistido nos últimos dias.
Os protestos começaram em Nanterre, subúrbio de Paris, e alastraram-se entretanto a outras cidades, levando a autarquia de Marselha a anunciar hoje que a circulação de transportes públicos vai ser suspensa na cidade.
O Presidente diz que a violência está a ser organizada online e que a maioria das centenas de detidos até agora são jovens, referindo que julgam a estar a viver num videojogo.
"Por vezes temos a sensação de que alguns deles estão a viver nas ruas de videojogos que os intoxicaram", disse Macron.
O chefe de Estado pede, por isso, aos pais de adolescentes que os mantenham em casa para amainar as tensões nas ruas, referindo que muitos dos jovens detidos são bastante novos.
"É responsabilidade dos pais mantê-los em casa e é por isso importante, a bem da paz de espírito de todos, que essa responsabilidade parental seja totalmente exercida."
Durante a reunião do comité interministerial de crise, realizada no Ministério do Interior francês, Macron saudou a resposta "rápida e adequada" das forças de segurança, na sequência de três noites consecutivas de tumultos, e denunciou a "instrumentalização" dos acontecimentos.
Nenhum português afetado
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse entretanto à Lusa que “nenhum cidadão português foi afetado” pelos tumultos dos últimos três dias em França.
“Nós acompanhamos, como é óbvio, esta situação através da nossa rede diplomática e da nossa rede consular. Até à data, não há informação de que portugueses ou portuguesas que aqui estejam a residir ou de férias tenham sido afetados. Até à data não há essa notícia. Não há informação de que tenham sido, que algum nosso cidadão tenha sido afetado”, afirmou Paulo Cafôfo.
Contactado telefonicamente pela Lusa à margem de uma visita de trabalho que o governante está a efetuar a Estrasburgo, Cafôfo disse esperar que ”a situação possa normalizar-se”.
“Obviamente, é um desejo que todos nós queremos e que possa a tranquilidade voltar e a normalidade ser restabelecida”, concluiu.
A morte do jovem Nahel, de 17 anos, num controlo de trânsito na passada terça-feira, captado pelas câmaras de vigilância, fez regressar a tensão entre jovens e a polícia nos bairros sociais em Nanterre e noutros bairros desfavorecidos nos subúrbios da capital francesa.
Os confrontos contra as forças de segurança surgiram logo na noite de terça-feira em Nanterre e, na madrugada de quinta-feira, foram danificados edifícios públicos e queimados carros, tendo sido detidas cerca de 150 pessoas.
Na terceira noite consecutiva de manifestações violentas, quase 300 polícias e gendarmes (polícia militarizada) ficaram feridos e foram efetuadas 875 detenções.
Por outro lado, 492 edifícios públicos foram vandalizados e 2 mil veículos foram incendiados.
O agente da polícia suspeito da morte do jovem está acusado de homicídio e em prisão preventiva.