Protesto com desacatos e negociações suspensas. O que pedem os bombeiros?
03-12-2024 - 19:20
 • Anabela Góis

Sapadores estão em braço de ferro com o Executivo de Luís Montenegro, depois de uma manifestação que terminou com ruas cortadas no centro de Lisboa e o cerco à sede do Governo. PSP só soube da manifestação pelas redes sociais, bombeiros querem suplemento de risco semelhante às forças de segurança.

A manhã desta terça-feira ficou marcada por um braço de ferro entre bombeiros sapadores e Governo. As negociações acabaram suspensas, depois de terem sido lançados petardos e tochas durante o protesto que levou ao isolamento da sede do Governo pela polícia e ao corte de cruzamentos no centro de Lisboa.

Em que ponto estão as negociações?

Para já estão suspensas e sem data para serem reatadas, embora fonte oficial do Governo diga à Renascença que as negociações poderão ser retomadas “se e quando forem assegurados o respeito pelo diálogo e tranquilidade no exercício do direito de manifestação."

Este foi, de resto, o motivo que levou o Governo a suspender a reunião negocial com representantes dos sapadores: porque segundo a mesma fonte, o executivo “não aceita negociar perante formas não ordeiras de manifestação”.

A manifestação estava autorizada ou prevista?

Pelos vistos, não estava. A PSP diz que teve conhecimento da manifestação pelas redes sociais e foi com base nessa informação que estabeleceu o dispositivo para garantir a segurança e ordem pública.

A polícia acompanhou os manifestantes desde a Avenida Rio de Janeiro, em Alvalade, até à sede do Conselho de Ministros e, pelo caminho, foi fazendo cortes de trânsito para garantir a segurança de pessoas e bens.

A PSP explica que montou um primeiro perímetro de dissuasão e um segundo perímetro de contenção, mais próximo do Campus XXI, e fez saber que vai elaborar um Auto de Notícia sobre esta manifestação não legalmente comunicada e remetê-lo ao Ministério Público com a identificação dos diversos organizadores e participantes.

E quem é que organizou o protesto?

A manifestação terá sido organizada por um movimento inorgânico, constituído por bombeiros sapadores, maioritariamente de Lisboa e do Porto, mas sem líder conhecido.

Aliás, alguns sindicalistas não terão ficado satisfeitos com a manifestação de hoje, nem com a violência, nem com o facto de coincidir com as negociações.

E o que reivindicam os sapadores? E o que contrapõe o Governo?

Os bombeiros querem um aumento do suplemento de risco e querem que ele deixe de ser fixo e passe a ser uma percentagem do salário, como acontece nas forças de segurança.

Os sapadores ainda exigem uma carreira distinta da dos voluntários porque estão sempre disponíveis. Quanto aos sapadores florestais, exigem revisão de carreiras, reforma antecipada e suplemento de risco. E todos querem aumentos salariais.

Em resposta, o Governo anunciou a criação de um grupo de trabalho para rever carreiras, salários e suplementos. Para a reunião desta terça-feira levava uma proposta de aumento gradual, entre 15% e 20%, para os bombeiros sapadores até 2026, e a criação de suplementos de risco e de função.

Quantos sindicatos estiveram nas negociações?

Para a reunião desta terça-feira foram convocados seis sindicatos diferentes. O Governo está em negociações para a aprovação das leis, mas quem paga aos bombeiros sapadores são as autarquias.

Os voluntários são pagos pelas associações e pela Proteção Civil, enquanto os sapadores florestais são pagos pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas.