Os lancinantes apelos feitos nos últimos tempos no sentido de sensibilizar as autoridades para que seja finalmente permitida a entrada de espectadores nos estádios de futebol continuam a esbarrar na intransigência do Governo e da Direção-Geral da Saúde.
Os argumentos invocados para sustentar essa exigência não têm colhido o beneplácito dos decisores, e assim iremos continuar por muito tempo. Esta é, pelo menos, a previsão que parece assentar no modo como o assunto vem sendo tratado, sem que se vislumbre uma pequena luz ao fundo do túnel.
Sabemos todos que a presença de público nos desafios de futebol constitui uma das principais receitas dos clubes, especialmente nos maiores, e essa ausência tem contribuído decisivamente para o afogo financeiro com que uma grande parte agora se defronta.
O mercado de transferências, que vai durar ainda por mais algum tempo, é bem o exemplo dessa carência. Sem dinheiro e sem perspetivas de o ver o entrar nos seus cofres a curto prazo, os clubes, sobretudo os de topo, têm-se revelado cautelosos não investindo mais do que as suas parcas possibilidades permitem. O recurso à banca acabou, e também por isso quase todos passaram a ter a guilhotina sobre as suas cabeças.
Esta é uma situação cujo fim está longe de se vislumbrar, o que leva muitos opinadores a pensar que o futebol vai continuar a sofrer um golpe muito rude, do qual levará depois muitos anos a recuperar, se é que o vai conseguir mesmo.
E convém estarem todos muito atentos porque os estádios vão permanecer abertos, mas o público vai continuar a permanecer à porta, de nada valendo os apelos dramáticos da Liga de Clubes, da Federação e quejandos.
A situação pandémica não dá mostras de abrandar, antes pelo contrário.
E perante este quadro o futebol continuará a ser sempre uma sua vítima, pois os decisores podem abrir algumas exceções, como já aconteceu, só que o futebol não entrará tão cedo nesse rol.
Por mais apelos que se façam ouvir todos os dias por esse país fora.