O primeiro-ministro polaco disse esta quarta-feira que o ataque que matou sete trabalhadores humanitários em Gaza, incluindo um polaco, bem como a reação de Israel, são uma "dura prova" à solidariedade com aquele país.
"O trágico ataque aos voluntários e a reação despertam uma raiva compreensível", disse Donald Tusk na rede social X.
Tusk dirigia-se diretamente ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e ao embaixador israelita em Varsóvia, capital da Polónia.
"Estão a colocar esta solidariedade à prova", acrescentou o líder polaco.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) admitiram já que cometeram "um erro grave" que resultou na morte de sete colaboradores da organização não-governamental (ONG) norte-americana World Central Kitchen (WCK), na sequência de ataques israelitas na Faixa de Gaza.
"Este incidente foi um erro grave", referiu o chefe do Estado-Maior israelita, o general Herzi Halevi, numa mensagem de vídeo.
Halevi sublinhou que as IDF partilham "do fundo do seu coração" o "luto das famílias [das vítimas] e de toda a organização WCK".
"Foi um erro que se seguiu a um erro de identificação durante a noite, durante uma guerra, em condições muito complexas. Isto não deveria ter acontecido. Um órgão independente investigará o acontecimento em profundidade e comunicará as suas conclusões nos próximos dias", anunciou.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tinha admitido na terça-feira que o Exército israelita matou "sem querer" sete trabalhadores humanitários da organização WCK e disse que o incidente será alvo de uma investigação exaustiva.
Já o Presidente israelita Isaac Herzog apresentou as suas desculpas pelas mortes e estendeu as suas condolências "às famílias e entes queridos" dos trabalhadores humanitários.
A instituição, criada pelo 'chef' José Andrés, é uma das duas ONG ativamente envolvidas na entrega de ajuda a Gaza por via marítima a partir de Chipre.
A WCK descreveu que um dos seus veículos foi atacado pelo exército israelita ao passar por Deir al Balah, no centro da Faixa de Gaza, depois de sair de um armazém onde tinham descarregado 100 toneladas de alimentos, num movimento coordenado com as autoridades israelitas.
O ataque contra os trabalhadores humanitários já foi condenado pela União Europeia e por vários países, incluindo Reino Unido, Espanha e Bélgica, que exigiram explicações a Israel pela morte de sete trabalhadores da organização humanitária.
Os Estados Unidos pediram a Telavive uma "investigação rápida, completa e imparcial".
Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, frisou que a morte dos sete trabalhadores humanitários "é resultado inevitável da forma como esta guerra está a ser conduzida".
De acordo com Dujarric, pelo menos 196 trabalhadores humanitários foram mortos desde outubro nos territórios palestinianos ocupados, neste que considerou "um dos locais de trabalho mais perigosos e difíceis do mundo".
A guerra entre Israel e o Hamas, que entrou no 180.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 32.916 mortos, mais de 74.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.