O juiz Pedro Vaz Patto considera que a carta divulgada pelo Papa Emérito Bento XVI revela "profunda humildade".
Na carta, Bento XVI pede "perdão" e diz sentir “grande culpa” por não ter enfrentado casos de abusos sexuais com decisão, depois de um relatório criticar o Papa Emérito por ter encoberto casos de abuso e não os ter reportado ao Vaticano quando foi responsável pela diocese de Munique e Freising, entre 1977 e 1981.
"É uma carta muito pessoal. O Papa abre-se, abre o seu relacionamento com Deus e pede perdão. Pede perdão por aquilo que possa não ter feito", avalia Pedro Vaz Patto, ouvido pela Renascença.
O juiz realça que a carta de Bento XVI "não analisa especificamente os casos, fala em termos mais genéricos das responsabilidades que teve na Igreja" e que o Papa Emérito evita invocar os seus méritos.
"Tem muito mérito no sentido de ser o principal responsável por inverter a atitude corrente de colocar a defesa da Igreja acima da proteção das vítimas. Alterou essa política e passou a colocar as vítimas acima de tudo", refere.
"Não invocou os méritos por causa desta atitude de humildade. É uma lição para todos nós", diz, ainda, Pedro Vaz Patto.
No entender do juiz, Bento XVI admite na carta "que podia ter feito mais e reconhece a dor que provocam estes crimes", mas não se trata de "dar razão às críticas".
"É uma carta de grande abertura e pessoal. Podemos dizer que abre a sua alma e a sua atitude diante de Deus. Fala da confissão de culpa que todos nós fazemos no início da missa e fala do juízo que lhe espera no final da vida", aponta.