As duas centrais termoeléctricas a carvão respondem por quase um quinto das emissões em Portugal, ocupando os primeiros lugares entre as instalações mais poluentes, com Sines na 18.ª posição entre as centrais europeias, revela esta quinta-feira a Zero.
Em Portugal, as centrais de Sines e do Pego "asseguram o primeiro e segundo lugar do Top 10 das instalações com maiores emissões", refere um comunicado da Associação Sistema Terrestre Sustentável - Zero, a propósito do primeiro ano da entrada em vigor do Acordo de Paris contra as alterações climáticas, que se assinala no sábado.
Quando comparadas com o total de emissões do país em 2015, as emissões daquelas centrais "são responsáveis por 17,6% do total de emissões de dióxido de carbono-equivalente o que impõe urgência" na sua substituição pelas centrais de ciclo combinado, a gás natural, já existentes, "como recurso transitório e, a médio prazo" para fontes de energia limpa, realçam os ambientalistas.
"Ao nível europeu, a central termoeléctrica de Sines surge como a 18.ª mais poluente em 2016, apesar da sua maior eficiência por comparação com outras centrais utilizando o mesmo combustível", acrescenta.
A partir dos dados do registo do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE), a associação apresenta a lista das 10 principais instalações responsáveis pela emissão de gases de efeito de estufa, em Portugal.
Além das centrais termoeléctricas (Sines da EDP e Pego da Tejo Energia), o sector da energia está também presente no Top 10 através das refinarias da Petrogal, em Sines (3.º lugar e 4,2% do total de emissões do país) e no Porto (6.º lugar e 1,5%), da central de ciclo combinado da Tapada do Outeiro, da Torbogás (4.º lugar) e da central termoeléctrica de Lares, da EDP (9.º lugar).
"No Top 10, o sector da produção da electricidade é responsável por 20,5% do total de emissões", o sector da refinação é responsável por 5,7% e as cimenteiras por 4,6%, resume a Zero.
O centro de produção de Alhandra da cimenteira Cimpor está no 5.º lugar da lista elaborada pela Zero, a fábrida do Outão da Secil aparece no 7.º lugar, seguida da unidade de Souselas da Cimpor, enquanto a unidade de indústria química de produção de olefinas da Repsol Polímeros encerra o ranking.
Este ano, devido à seca que impede uma maior produção hidroeléctrica, as centrais a carvão tiveram um aumento de produção de electricidade de 24% entre Janeiro e Setembro, em relação ao mesmo período de 2016, e foram responsáveis por 38% das emissões de gases com efeito de estufa do setor eléctrico, segundo a Zero.
Os ambientalistas referem-se ainda à proposta para o Orçamento do Estado para 2018, dizendo esperar que "não haja cedências na aplicação do imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) e da taxa de adicionamento do carbono ao carvão usado na produção de eletricidade" o que consideram ser "uma penalização da utilização de combustíveis fósseis em prol de um maior desenvolvimento das energias renováveis".
A Zero insiste ainda na necessidade de o Governo definir uma data limite para o fim do funcionamento das centrais de Sines e do Pego para antes de 2030, "ano com que o primeiro-ministro e o ministro do Ambiente já se comprometeram publicamente".