O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky substituiu o popular chefe do exército ucraniano, esta quinta-feira. No seu lugar figura agora o comandante das forças terrestres, uma aposta arriscada num momento em que a Rússia ganha vantagem no terreno, quase dois anos após o início da guerra.
Esta mudança acontece após meses de especulação sobre uma eventual nova liderança militar, uma vez que se adivinhava um desentendimento entre Zelensky e o general Valeriy Zaluzhnyi, que muitos ucranianos vêem como um herói nacional.
"A partir de hoje, uma nova equipa de gestão assume o liderança das Forças Armadas da Ucrânia", disse Zelensky, esta quinta-feira.
O coronel general Oleksandr Syrskyi assume-se agora como o novo chefe das Forças Armadas. Syrskyi, comandante das forças terrestres, assume o leme no meio de uma profunda incerteza, enquanto Kiev aguarda ajuda militar vital do Estados Unidos que foi sendo adiada nos últimos meses por disputas políticas internas.
Com a Ucrânia a lutar para reformar rapidamente o seu programa de mobilização, a saída de Zaluzhnyi pode representar um duro golpe na moral das tropas que se encontram na frente de batalha. Pode, igualmente, ser um tiro pela culatra político para Zelensky, que poderá prejudicar a sua imagem perante o povo ucraniano.
As sondagens colocam a confiança do público em Zaluzhnyi, conhecido por alguns como o "General de Ferro", em mais de 90% - significativamente superior aos 77% de Zelensky no final do ano passado.
O abalo na vida militar ucraniana desenrolou-se numa série de declarações de Zelensky, que se reuniu inicialmente com Zaluzhnyi para discutir mudanças na liderança militar. O Presidente ucraniano terá pedido ao general para continuar a fazer parte "da sua equipa".
Já Zaluzhnyi, que também fez uma declaração, adiantou que teve uma "conversa séria e importante" com Zelensky e que foi tomada a decisão de mudar de táctica e estratégia no campo de batalha.
"As tarefas de 2022 são diferentes das tarefas de 2024. Por isso, todos também devem mudar e adaptar-se às novas realidades para que possamos vencer juntos", diz.
As duas declarações foram publicadas praticamente em simultâneo, o que parece sugerir que as duas figuras mais proeminentes da guerra na Ucrânia se coordenaram para demonstrar união.