O chefe da diplomacia da União Europeia acusou a Rússia de praticar “um crime de guerra”, com o bloqueio das exportações de cereais ucranianos a contribuir para aumentar a fome no mundo.
“É um verdadeiro crime de guerra, não posso imaginar que [o bloqueio] vá durar muito tempo”, disse Josep Borrell, em declarações à entrada do Conselho de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, no Luxemburgo.
O alto responsável para a Política Externa e de Segurança da UE referiu ainda ser “inimaginável que milhões de toneladas de trigo continuem bloqueadas na Ucrânia quando o resto da população mundial sofre de fome”, apontando a responsabilidade total à Rússia pela guerra de agressão à Ucrânia.
Borrell tem acusado as tropas de Moscovo do bombardearem e ocuparem as terras aráveis na Ucrânia, destruindo equipamentos e bloqueando os portos ucranianos, impedindo a exportação de milhões de toneladas de cereais para os mercados mundiais.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE reúnem-se esta segunda-feira, no Luxemburgo, num conselho em que Portugal está representado pelo responsável pela pasta, João Gomes Cravinho, para discutir a questão do bloqueio dos cereais.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 15 milhões de pessoas de suas casas – mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países vizinhos – de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.