Os palestinianos classificaram esta segunda-feira a decisão da Guatemala de transferir a sua embaixada de Telavive para Jerusalém, como os Estados Unidos, como um “acto vergonhoso e ilegal”.
“É um ato vergonhoso e ilegal que vai totalmente contra os sentimentos dos líderes das igrejas em Jerusalém" e da recente resolução, não vinculativa, da Assembleia-geral da ONU a condenar o reconhecimento dos Estados Unidos de Jerusalém como capital de Israel, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano, num comunicado.
O Presidente da Guatemala, Jimmy Morales, anunciou no domingo que o país vai transferir a embaixada que tem em Telavive para Jerusalém.
A Guatemala é o primeiro país a declarar a transferência da sua representação diplomática para Jerusalém desde que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu a cidade como capital de Israel, no dia 6 de dezembro, e deu instruções para a mudança da embaixada norte-americana.
“O Estado da Palestina considera [a decisão] como um flagrante acto de hostilidade contra os direitos inalienáveis do povo palestiniano e do direito internacional", prosseguiu a diplomacia palestiniana.
“O Estado da Palestina actuará com os aliados regionais e internacionais para opor-se a esta decisão ilegal”, advertiu o ministério palestiniano, afirmando que o Presidente Jimmy Morales arrastou a Guatemala para “o lado errado da história”.
A decisão da Guatemala também ocorre dias depois de 128 países-membros da Assembleia-geral da ONU terem aprovado uma resolução contra o reconhecimento dos Estados Unidos de Jerusalém como capital de Israel.
A Guatemala foi um dos nove Estados-membros que votaram contra a resolução. Estados Unidos, Israel, Honduras, Togo, Micronésia, Nauru, Palau e as ilhas Marshall foram os outros países que rejeitaram a resolução votada a 21 de Dezembro.
Outros 35 países optaram pela abstenção. Entre estes constaram o Canadá, o México, a Argentina, mas também Estados-membros da União Europeia (UE), como foi o caso da Polónia, Hungria e da República Checa.
A resolução, sem caráter vinculativo, foi proposta pelo Iémen e pela Turquia, em nome de um grupo de países árabes e da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI).
A questão de Jerusalém é uma das mais complicadas e delicadas do conflicto israelo-palestiniano, um dos mais antigos do mundo.
Israel ocupa Jerusalém oriental desde 1967 e declarou, em 1980, toda a cidade de Jerusalém como a sua capital indivisa.
Os palestinianos querem fazer de Jerusalém oriental a capital de um desejado Estado palestiniano, coexistente em paz com Israel.
Jerusalém é considerada uma cidade santa para cristãos, judeus e muçulmanos.
Desde o anúncio de Trump foram registados confrontos e manifestações, nomeadamente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, e pelo menos 12 palestinianos perderam a vida.