A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) desvaloriza o adiamento da reunião entre o partido e o Governo sobre o Orçamento do Estado para 2018, mostrando-se determinada em que a negociação, ainda no começo, chegue a bom porto.
A reunião entre o Governo e o BE para negociar o Orçamento não se realizou devido a um impedimento por parte do Executivo, confirmaram à agência Lusa as partes envolvidas, tendo ficado marcada, por motivos de agenda, para terça-feira.
"Vamos reunir-nos na terça-feira. Todos nós podemos ter imprevistos, não valorizamos de forma nenhuma que tenha que ser a reunião na terça-feira. Isso para nós é um não assunto", disse Catarina Martins à agência Lusa, em declarações à margem de uma visita às Festas de Corroios, concelho do Seixal, distrito de Setúbal.
Questionada sobre os valores que o Governo tem disponíveis para o alívio fiscal e o descongelamento de carreiras na função pública - duas das reivindicações que os partidos que o apoiam parlamentarmente fazem neste OE2018 -, a coordenadora do BE foi peremptória: "Estamos a começar a negociação e nós já sabemos que o início da negociação não é exactamente onde acaba. Foi assim noutros orçamentos".
"As divergências entre o BE e o PS são conhecidas, mas nós faremos como sempre fizemos - o melhor trabalho para conseguir convergências em torno da criação do emprego, do apoio aos mais desfavorecidos, da recuperação dos salários e das pensões, na recuperação dos serviços públicos", referiu.
A determinação do BE para que "seja possível chegar a bom porto é, como sempre, muito grande", reiterando a dirigente que "as linhas vermelhas para o OE 2018 estão na posição conjunta e toda a gente as conhece".
"Este Orçamento do Estado tem que continuar um percurso de recuperação de rendimentos do trabalho e tem uma obrigação muito grande, que é fazer repercutir nos salários e nas pensões aquilo que é o crescimento económico do país, porque o crescimento económico não pode servir uma elite enquanto a generalidade tem salários ou pensões muito baixas", sublinhou.
Para Catarina Martins, "é preciso equilibrar o jogo" neste OE 2018 e é também fundamental "um reforço da capacidade dos serviços públicos".
"Durante muito tempo a direita fez ataques fortíssimos ao Estado e aos serviços públicos e na verdade eles ainda não foram recompostos dos ataques que tiveram", justificou.