O processo sinodal em curso na Igreja foi lançado pelo Papa Francisco em 2021, mas em Portugal não havia, até agora, um espaço que reunisse a informação relacionada com o Sínodo, que tem a segunda sessão conclusiva marcada para o próximo mês de outubro. Para colmatar essa falha o correspondente do Vatican News em Portugal decidiu avançar com a criação do site Rede Sinodal em Portugal, que pretende facilitar a consulta de documentos e a partilha de opiniões.
“Senti que fazia falta um espaço assim. Logo a partir de 2021, percebi que havia esta necessidade de haver um espaço, uma plataforma ou um site, como lhe queiram chamar, no ambiente digital, que congregasse informação, todo o material que está a ser produzido em todas as dioceses. Todos os movimentos e grupos que estejam a organizar cursos, e outras iniciativas, vão ter aqui lugar”, explica à Renascença Rui Saraiva.
A nova Rede Sinodal – como é designada - foi lançada Dia de Reis, para sublinhar “a importância que o caminho sinodal está a ter”. Diz que os bispos “foram os primeiros a saber” da iniciativa, e espera que o projeto seja “acolhido de braços abertos”, porque “é um serviço à Igreja, aberto à participação de todos os que se sintam entusiasmados com o processo sinodal em curso”, e que podem enviar as suas informações e contributos através do email geral@redesinodal.pt .
A plataforma inclui um espaço dedicado ao Vaticano - onde está disponível, por exemplo, o relatório síntese da XVI assembleia geral do Sínodo, que decorreu em outubro de 2023. Esse documento foi restituído às Igrejas locais, juntamente com as orientações para o trabalho a fazer até outubro de 2024.
No site há, ainda, um espaço reservado para Opinião, uma secção dedicada às Dioceses e outra designada 'Em movimento', para a partilha das várias iniciativas que existam.
Rui Saraiva diz que houve quatros verbos a presidir a esta iniciativa. “Em primeiro lugar, ‘acolher’, por isso é que estão lá presentes todas as dioceses e os vários contributos. O segundo verbo é ‘integrar’, seguindo o apelo que o Papa deixou na Jornada Mundial da Juventude, com o ‘todos, todos, todos’ - queremos integrar todos aqueles que se sintam entusiasmados com este Sínodo e queiram participar. Queremos também ‘acompanhar’ esses contributos, e dar-lhes o maior espaço possível para que o diálogo e o encontro se façam. E depois o verbo ‘incluir’, para que todos aqueles que ainda não tenham tido possibilidade de colaborar, por se sentirem à margem, o possam agora fazer”.
“Este novo espaço pretende ser uma rede que tenta, em certo sentido, fazer uma boa pesca e apanhar todas essas pessoas, seguindo o espírito do documento do Vaticano, que fala em ‘alargar a tenda’“, sublinha.
O jornalista faz, ainda, questão de lembrar que esta iniciativa “nasce dos leigos, de pessoas que foram fazendo caminho e conhecendo-se melhor”. Muitos são autores dos textos que reuniu no livro “Não temos medo”, com reflexões sobre a Jornada Mundial da Juventude e o caminho sinodal, e que a Paulinas Editora lançou no final de 2023, com prefácio de Paulo Portas e posfácio do padre Paulo Terroso, sacerdote de Braga que integra a Comissão de Comunicação da Secretaria-Geral do Sínodo.
“No fundo é quase uma resposta ao que o Papa nos pediu da JMJ, quando disse ‘não tenham medo’. ‘Não temos medo’, pode ser uma afirmação ou uma interrogação: podemos estar a responder ao Papa a dizer-lhe ‘não temos medo’, mas também podemos estar a criar uma inquietação para nós próprios: não temos mesmo medo de participar, de fazer comunhão e de estarmos prontos para a missão, e esse é o grande objetivo deste caminho sinodal”, afirma.