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Luís Montenegro, ex-líder parlamentar do PSD e protocandidato à liderança do partido desde a saída de Pedro Passos Coelho, só ainda não sabia como faria o anúncio de que quer o lugar de Rui Rio. Esta terça-feira ao fim da tarde decidiu: será numa entrevista à SIC, na quarta-feira à noite.
A Renascença sabe que Montenegro ainda ponderou convocar a imprensa para uma declaração, como fez em janeiro deste ano quando desafiou Rui Rio, equacionou os vários pedidos de entrevista que tinha, foi avançando nos contactos, percebeu que tinha de acelerar devido à nota de Cavaco Silva e acabou por decidir.
A dúvida há muito que não era se avançava ou não como candidato à liderança do PSD, era só como e quando faria o anúncio.
Luís Montenegro posicionou-se logo no congresso de fevereiro de 2018 quando disse a Rui Rio, recém-eleito presidente do PSD que não pediria licença a ninguém quando achasse que era altura de avançar. Tinha recusado candidatar-se às diretas de janeiro desse ano por achar que o calendário não lhe era conveniente. Uma decisão que muitos, dentro e fora do partido, consideraram demasiado calculista, mas com a qual deixou a disputa pela liderança a Rui Rio e Pedro Santana Lopes.
Em janeiro deste ano, pareceu arrepender-se e lançou um desafio a Rui Rio para convocar eleições diretas. Foi vencido num conselho nacional dominado pela direção do partido, mas continuou a fazer o seu trabalho de preparação do que viesse a seguir às legislativas.
Nos últimos dias de campanha, com o PSD a parecer subir e surpreender, a oposição interna foi parecendo um bocadinho perdida, sem saber bem o que fazer caso Rio chegasse aos 30 por cento. Mas, na noite eleitoral, à medida que ia descendo dos 30 até aos 27 por cento, com um resultado pior do que o de 2005, ficou claro que havia margem para desafiar a liderança.
O desafio foi feito aos poucos, com vários notáveis disponíveis para lançar logo na manha seguinte nas rádios a ideia de que era preciso mudar.
Esta terça-feira outro potencial candidato, Pedro Duarte, veio declarar-lhe apoio claro. E a nota de Cavaco Silva a pedir mudança no PSD e a lançar do nome de Maria Luís Albuquerque fez Montenegro perceber que não podia esperar por quinta ou sexta, como chegou a pensar.
A dúvida ainda será quando é que a disputa terá lugar.Rui Rio, na noite eleitoral, disse que ia ponderar e ouvir pessoas.
Esta terça-feira, antes da audiência em Belém, houve reunião da comissão permanente, mas não há, por enquanto, qualquer reunião do Conselho Nacional marcada para analisar os resultados eleitorais. Estatutariamente, haverá eleições diretas em janeiro. A dúvida, portanto, é só se o calendário acelera.