O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) marcou para quarta-feira uma reunião de emergência sobre a hepatite atípica que está a afetar sobretudo crianças até aos seis anos de idade.
Os casos sucedem-se e há registos de perto de 200 casos em vários países, sendo que em 10% é necessário fazer transplante de fígado e já há notícia de uma morte.
À Renascença, o diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais da DGS diz que, até agora, não há casos em Portugal e admite que na origem da doença esteja um vírus modificado.
“Não há nenhum caso em Portugal. Há vários casos em Espanha e Inglaterra, nomeadamente”, indica Rui Tato Marinho, destacando que, desde há uma semana, se regista “um aumento do número de casos”.
“Não é um aumento assustador. São cerca de 170 em todo o mundo. Sabe-se que em 10% dos casos, em dez crianças afetadas, uma necessita de um transplante para conter a chamada hepatite fulminante, como se o fígado fosse destruir-se assim muito rapidamente, de uma forma fulminante”.
De acordo com o especialista, pensa-se que seja “um vírus chamado adenovírus, que é o vírus que existe na comunidade, provoca infeções respiratórias e gastroenterites, mas há hipótese que seja um vírus modificado, chamado adenovírus 41, mas não há certeza absoluta”.
O diretor do programa nacional para as hepatites virais da DGS que vai participar na reunião de amanhã do ECDC assegura que Portugal está a acompanhar a situação e está preparado para responder a eventuais casos.
“Estamos todos preparados. Temos uma excelente rede de pediatria, de medicina geral e familiar, de urgências, os médicos do transplante hepático que se faz em Coimbra, em crianças, também estão preparados, estão em contacto permanente connosco e com as estruturas europeias. Estamos preparados para o que der e vier”, garante Rui Tato Marinho.
A Direção-Geral da Saúde está a acompanhar o alerta para esta espécie de hepatite atípica que foi lançado pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças e pela Organização Mundial da Saúde.
A maioria dos casos, 114, foi reportada pelo Reino Unido, com crianças infetadas também em Espanha, Israel, Dinamarca, Irlanda, Países Baixos, Itália, Noruega, França, Roménia e Bélgica. Do outro lado do Atlântico, foram confirmados nove casos nos Estados Unidos.
Segundo a OMS, os pacientes diagnosticados com hepatite aguda têm entre um mês e 16 anos de idade. Em vários casos, foram registados também sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, diarreia e vómito, icterícia e níveis elevados das enzimas do fígado, sendo que a maioria dos pacientes não apresentou febre.
Segundo a OMS, os vírus que causam hepatites dos tipos A, B, C, D e E não foram diagnosticados em nenhuma das crianças.
Já sobre origem dos casos que ainda é desconhecida, prosseguem as investigações para se descobrir o agente causador da doença, sendo que “o adenovírus é uma hipótese possível”.