A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) acusou o Presidente da República de se “colocar contra a polícia” e de ainda não ter ouvido uma só palavra em favor dos agentes. Em causa está a visita de Marcelo Rebelo de Sousa ao bairro da Jamaica, no Seixal.
Depois de ter expressado o seu desagrado nas redes sociais, o presidente da maior associação sindical da PSP disse à Renascença não compreender por que razão Marcelo se deslocou a esse bairro “sem nunca ter visitado esquadras ou acompanhado patrulhas para perceber em que condições trabalham os agentes da PSP”.
Nestas declarações, Paulo Rodrigues lembra que há algum tempo convidaram o chefe de Estado “para visitar algumas instalações degradadas da polícia e fazer parte de uma patrulha e, assim, ter uma noção de como os polícias trabalham”.
“Não queremos uma visita do Presidente para tirar selfies. É para garantir que quer dar orientações ao Governo para resolver um conjunto de situações para que todos os portugueses saiam a ganhar com mais segurança pública”, explicou o líder da ASPP/PSP.
Ainda sobre a deslocação ao Seixal, Paulo Rodrigues é perentório. “Quando vemos o chefe do Estado - motivado por uma situação que gerou violência - a tomar esta atitude, somos levados a concluir que o Presidente da República está a colocar-se ao lado de pessoas que foram violentas contra a polícia, que, injustamente, acusam os agentes de racismo. Ou seja, está-se a colocar contra a polícia”.
Na sua opinião, Marcelo Rebelo de Sousa teve várias situações em que podia ter expressado o seu apreço pelo trabalho da polícia mas, “não só não o fez, como nesta situação - em houve um agente agredido e que recebeu tratamento - não houve uma palavra de apreço ou de reconhecimento pelo estado de saúde desse colega”.
No post do Facebook Marcelo foi acusado de "desprezar" os polícias e de ser o Presidente “de quase todos os portugueses”.
A Presidência da República não comenta as acusações do presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia.
A visita de segunda-feira, que não constava da agenda do chefe de Estado, foi divulgada posteriormente, através de uma nota na página da Presidência da República.
A deslocação do chefe de Estado acontece 15 dias depois de se terem registado incidentes com a polícia neste bairro, no dia 20 de janeiro, que levaram à abertura de um inquérito pelo Ministério Público.