Centenas de milhares de pessoas arriscam-se a ficar sem apoio humanitário em Aleppo, caso as forças governamentais consigam cercar completamente a cidade.
A ONU estima em 300 mil o número de pessoas que podem ficar isoladas na cidade. O exército sírio está a levar a cabo uma ofensiva para reconquistar a segunda cidade mais importante da Síria, depois de Damasco. As forças leais a Bashar al-Assad contam com o apoio crucial da força aérea russa, que tem bombardeado posições rebeldes.
O Programa Alimentar Mundial, da ONU, fornece ajuda humanitária a Aleppo, mas arrisca-se a ficar sem forma de entrar caso o exército avance mais ainda. Perante esta hipótese agrava-se a fuga de civis em direcção à Turquia, mas as fronteiras estão fechadas.
"Como resultado [dos combates] cerca de 200 mil pessoas foram forçadas a fugir, 65 mil das quais em direcção à Turquia e 135 mil para o interior da Síria", acrescentou o vice-primeiro-ministro da Turquia, Numan Kurtulmus. Cerca de 30 mil refugiados, a maioria dos quais mulheres e crianças, permanecem no posto da fronteira turca de Oncupinar, que o Governo turco mantém encerrado, ao frio e em condições extremamente precárias."O nosso objectivo é manter essa onda de migrantes para além da fronteira da Turquia, proporcionando-lhes os serviços necessários", sublinhou.
Os turcos apenas estão a deixar passar pessoas em situação de emergência médica, embora a ONU esteja a pressionar Ancara para tentar aliviar a situação.
O exército sírio iniciou uma ofensiva para reconquistar Aleppo há algumas semanas e os avanços têm sido significativos. Há anos que a cidade está dividida entre forças leais a Assad e rebeldes, mas com o apoio da aviação russa o Governo espera agora consolidar o controlo de todo o território.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, organização ligada à oposição moderada na Síria, já morreram 500 pessoas desde a intensificação da ofensiva governamental, de ambos os lados da contenda, 100 das quais civis. Do lado dos rebeldes há vários grupos a participar no conflito, mas que não têm até agora encontrado forma de se coordenarem e agirem em conjunto.
Tanto a ONU como as forças ocidentais, incluindo a NATO, têm pedido também à Rússia para parar com os bombardeamentos, responsabilizando-os inclusivamente pelo falhanço das mais recentes conversações de paz.
A Turquia, que já recebeu 2,7 milhões de sírios, advertiu, contudo, que não vai aguentar sozinha o "fardo" da hospedagem dos refugiados.