Os últimos sete anos (2015-2021) foram os mais quentes já registados, confirmou a Organização Meteorológica Mundial (OMM), embora o fenómeno climático "La Nina" tenha reduzido temporariamente as temperaturas no ano passado.
"Os sete anos mais quentes foram registados desde 2015, com 2016, 2019 e 2020 no topo da tabela", disse num comunicado a agência da ONU, acrescentando que "pelo sétimo ano consecutivo, a temperatura global ultrapassou os níveis pré-industriais em mais de 1° Celsius".
"Espera-se que o aquecimento global e outras tendências de mudanças climáticas a longo prazo continuem devido aos níveis recordes de gases de efeito estufa na atmosfera."
Apesar de relativamente menos quente em relação aos anteriores, 2021 insere-se no ciclo de sete anos consecutivos de temperaturas recordes, "os mais quentes já registados por uma margem clara", divulgou em 10 de janeiro o sistema de observação climática por satélite Copérnico.
A temperatura média global em 2021 situou-se entre 1,1 e 1,2 graus centígrados acima [e 0,3 graus acima da média nos últimos 30 anos) da média anual do período pré-industrial, a medida usada para calcular o aquecimento global responsável pelas alterações climáticas e que o Acordo de Paris pretende manter abaixo de 1,5 graus até ao fim deste século.
Relativamente ao continente europeu, 2021 não foi um dos 10 anos mais quentes, que se registaram todos desde o ano dois mil, incluindo a série mais quente entre 2014 e 2020.
A temperatura à superfície esteve 0,1 graus acima da média dos últimos 30 anos mas o verão foi o mais quente de sempre, quebrando-se o recorde de temperatura na Sicília, onde se registaram 48,8 graus, mais 0,8 graus do que o máximo anterior.
O mês de julho foi marcado por chuvadas e inundações no centro-oeste europeu, sobretudo na Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos, no mesmo mês em que na zona mediterrânica se verificou uma onda de temperaturas altas, sobretudo na Grécia, Espanha e Itália.
Este clima seco e quente deu origem a fogos florestais prolongados que afetaram países como a Turquia, Portugal, Grécia, Itália, Espanha, Albânia, Macedónia do Norte, Argélia e Tunísia.
Os fogos florestais produziram 1.850 megatoneladas de emissões de dióxido de carbono, sobretudo provocadas por incêndios na Sibéria, mais 100 megatoneladas do que em 2020.
Análises preliminares dos dados recolhidos pela rede de satélites indicam que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera continuou a aumentar em 2021, atingindo um recorde médio anual de 414,3 partes por milhão, atingindo um máximo mensal em abril, com 416,1 partes por milhão.
O ritmo de crescimento anual da concentração de dióxido de carbono em 2021 manteve-se em cerca de 2,4 partes por milhão por ano.
O mesmo verificou-se para as concentrações de metano na atmosfera, que atingiram um máximo anual de 1.876 partes por mil milhões, algo que ainda está por explicar completamente, uma vez que este gás é produzido por atividades humanas mas também naturais.