A família do bairro dos Moinhos, no Porto, que teve de deixar a sua habitação na sequência do mau tempo que ocorreu na quarta-feira à noite foi alojada definitivamente pela Domus Social, revelou a autarquia esta quinta-feira.
À Lusa, a Câmara do Porto adiantou que foi atribuída uma "casa definitiva" à família que vivia no Bairro dos Moinhos, na zona das Fontainhas, e que na quarta-feira à noite teve de ser realojada no Seminário de Vilar devido à falta de condições da habitação, na sequência do mau tempo.
Segundo a autarquia, no Seminário de Vilar pernoitaram apenas três membros, "por decisão da própria família".
O representante da família - um casal com três filhos - esteve na Domus Social e "já lhe foram entregues as chaves da nova habitação".
Esta é a segunda vez que o bairro dos Moinhos é afetado por chuvas torrenciais, depois de, em janeiro, várias casas terem ficado inundadas e em risco na sequência das enxurradas.
No bairro dos Moinhos vivem atualmente 18 agregados familiares, para os quais estão a ser "procuradas soluções de realojamento", assegurou a autarquia.
Na quarta-feira à noite, em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, salientou que o bairro "não tem condições de habitabilidade" e afirmou que o município acordou "fazer a transferência de todos os moradores, se assim quiserem, para casas da Domus Social".
O autarca lembrou também que o município está em processo de aquisição das casas "não para habitação, mas para criar bacias de retenção".
"As pessoas têm que ter noção de que não podem voltar para aquelas casas", acrescentou.
Em maio, o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, adiantou que o município se encontrava a desencadear os "procedimentos tendentes à aquisição da totalidade da ilha".
"O primeiro passo é comprar a ilha na totalidade. O segundo passo é perceber quais são as condições geofísicas daquele território. Não nos podemos esquecer que, por debaixo dessa ilha, passa uma ribeira e foi essa ribeira que provocou os problemas em janeiro", observou, destacando a necessidade de avançar com um estudo hidrológico.
"Não nos podemos esquecer que o Plano Diretor Municipal prevê para aquela zona uma bacia de retenção, um mecanismo para resolver essas enxurradas rápidas", acrescentou, dizendo, no entanto, que "todas as possibilidades estão em aberto".
Na reunião do executivo de 16 de janeiro, no decorrer da discussão em torno de uma proposta apresentada pelo BE para que as famílias daquela ilha fossem realojadas, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse ser preciso, inicialmente, "olhar para o território".
"Provavelmente, há partes daquele território onde não deve haver alojamento", disse, acrescentando que nessas zonas, poderá vir a ser "mais prudente" criar bacias de retenção de água.
Destacando que o município tem "investido milhões na consolidação das escarpas" e que, ainda assim, "elas têm a patologia que têm", Rui Moreira salientou que o objetivo neste momento é adquirir as habitações.
"Não gostaríamos de avançar para a expropriação, acreditamos que vai ser possível chegar a acordo com os [proprietários] privados", referiu, dizendo que a "vontade maioritária" dos proprietários é vender as casas.