O presidente da Câmara de Gaia não tem dúvidas: “nunca como hoje foi evidente o papel da rede social entre as autarquias e o terceiro setor”. Em entrevista à Renascença, Eduardo Vítor Rodrigues diz que o poder local é essencial na resposta imediata e próxima às pessoas mais afetadas economicamente pela pandemia.
“A bazuca virá quando, no entretanto, decorrerão já meses em que, se não forem as autarquias, numa perspetiva de resposta local, e as IPSS”, nada acontece, diz.
“As políticas do Estado, inevitavelmente, chegam sempre um pouco mais tarde e chegam já com o processo muito avançado, o que demonstra a importância do poder local quando o poder local tem opções concretas neste domínio”, defende ainda.
No programa As Três da Manhã, o autarca menciona alguns programas de apoio, como “programas de formação e empregabilidade” e “aquilo que nos Estados Unidos o Presidente Biden chamou 'money for the people': é preciso pegar em recursos e colocá-los nas famílias”, sublinha.
Eduardo Vítor Rodrigues critica as ajudas a empresas que, “quando tudo corre bem”, são lucrativas e, “quando tudo corre mal, parece que são todas empresas do Estado”.
“Esquecemo-nos de que há famílias que estão neste momento em risco de entrega das casas ao banco, com dificuldades muito sérias e que são problemas que não se resolvem com uma mera intervenção pontual”, sublinha.
Na quinta-feira, Gaia será palco de uma conferência que vai debater as respostas que podem ser dadas no âmbito da crise económica e social criada pela pandemia – o papel das instituições sociais e do poder local. A conferência é organizada pela Renascença, em parceria com a Câmara de Vila Nova de Gaia.
Gaia é caso de sucesso no combate à pandemia
Gaia tem, nesta altura, uma incidência de Covid-19 abaixo dos 50 casos por 100 mil habitantes. O presidente do município diz que tal resulta de “um conjunto de fatores muito diversos” e de “opções muito claras que foram tomadas”, como “cortar de raiz todo o tipo de eventos que pudessem ter consequências” no aumento da pandemia.
Além disso, Eduardo Vítor Rodrigues realça a importância e o esforço feito na vacinação de todas as pessoas.
“Neste momento, temos o município a pagar a mais de 50% dos enfermeiros que estão nos nossos centros de vacinação a trabalhar para, ao mesmo tempo, termos um nível de vacinação invejável”, revela.
Isto, para não descurar os cuidados de saúde primários, sustenta. “É um fator importante para mais rapidamente termos conseguido chegar a todos os idosos nos lares e estarmos neste momento com um nível de vacinação muito importante”.
O autarca elogia ainda o passo atrás dado na vacinação das pessoas com 30/40 anos. “Aquilo que foi previsto ontem, com a perspetiva de uma vacinação mais intensa em Lisboa, parece-me que ultrapassaria os limites daquilo que seria razoável e felizmente que foi corrigido”.