O Haiti caminha para “uma situação de catástrofe humanitária”. O alerta é da responsável pelo escritório da ONU no Haiti, Helen La Lime, que dá conta do crescimento da violência nas ruas, protestos das populações, aumento do custo de vida, assaltos e insegurança.
Numa reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, Helen Lime traçou um retrato preocupante do país onde cerca de cinco milhões de pessoas precisam de ajuda para a sobrevivência no dia-a-dia, e em que os próprios armazéns das Nações Unidas foram alvo de ataque de grupos armados perdendo-se assim cerca de 200 mil toneladas de alimentos.
Os ataques dos grupos armados, dos gangues que estão a emergir nas grandes cidades, nomeadamente na capital, Port-au-Price, atingiram também instalações da Igreja, nomeadamente da Cáritas, do Serviço Jesuíta aos Refugiados, e dos Salesianos.
A escalada de violência, e os protestos das populações, têm vindo a crescer desde que o primeiro-ministro anunciou, no início do mês de setembro, um aumento considerável [quase para o triplo] do custo dos combustíveis, que teve um impacto imediato no preço dos transportes e em muitos produtos básicos.
De acordo com a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), desde então assiste-se a um agravamento da situação de insegurança alimentar que atinge já cerca de 40% da população.
A fundação pontifícia sinaliza, citando declarações que um missionário à agência Fides, que as cidades se tornaram palco de confrontos, havendo barricadas, bloqueio de ruas, e muito medo.
É neste cenário de instabilidade que a AIS continua a prestar ajuda ao povo haitiano, tendo apoiado, por exemplo, no ano passado cerca de 70 projetos, especialmente relacionados com a aquisição de veículos para o trabalho pastoral da Igreja e para a formação para leigos e sacerdotes.