A coordenadora do programa do Partido Socialista (PS) para as eleições legislativas defendeu que os socialistas devem ser chamados a governar, caso consigam superar a Aliança Democrática (AD) no final da contagem dos votos da emigração.
Em declarações proferidas este domingo no programa "O princípio da incerteza", da CNN Portugal, Alexandra Leitão assumiu a possibilidade de o PS ainda poder vir a ser indicado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para formar Governo, apesar de o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, ter reconhecido no dia 10 de março o triunfo da AD e que o seu partido deveria passar para a oposição.
"Se o PS, depois da contagem dos votos das comunidades portuguesas, tiver mais mandatos ou, em caso de empate, mais votos do que a AD, então deverá governar. Se no fim desse escrutínio tiver menos mandatos do que a AD ou, empatando, houver mais votos na AD, deve governar a AD", afirmou, reconhecendo, no entanto, que será improvável que o PS venha a ultrapassar a coligação.
Mais à frente no painel, a antiga ministra reiterou: "Imaginando que o PS - repito, é altamente improvável - tinha mais mandatos ou, havendo empate de mandatos, tinha mais votos do que a coligação, aí não tenho dúvidas de que [...] o Presidente da República deveria chamar a formar Governo o PS e a direita ficar com o ónus, aliás, juntamente com o Chega, de deitar abaixo o Governo do PS, neste cenário que, já comecei por dizer eu própria, é altamente improvável".
"Não vale a pena pressionar o PS para se transformar numa espécie de muleta do Governo"
Alexandra Leitão recusou que a responsabilidade de governabilidade esteja do lado do PS caso os resultados da emigração não alterem o panorama atual de uma vantagem da AD sobre os socialistas.
"As pessoas esperam que o PS seja o líder da oposição, que tem um programa alternativo para o país, que tem um conjunto de opções diferentes para resolver os problemas do país, e por isso mesmo não vale a pena pressionar o PS para se transformar numa espécie de muleta do Governo", vincou, lembrando que "a direita é maioritária na Assembleia da República e, portanto, todos têm de ser responsabilizados".
A AD, que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de 10 de março, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.
Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece na quarta-feira.