O relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) relativo a 2022, divulgado esta sexta-feira, revela que os glaciares estão a derreter a um ritmo dramático e que vários indicadores de alterações climáticas voltaram a atingir níveis recorde.
Os resultados deste relatório são conhecidos depois de na quinta-feira o relatório "Estado do Clima Europeu 2022", do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus, indicar que o ano passado foi o segundo mais quente na Europa desde que há registo, com 0,9 graus celsius (ºC) acima da média, enquanto o verão foi o mais quente de sempre, com 1,4ºC acima da média.
O Explicador Renascença destaca os dados principais.
Os glaciares estão a derreter a uma velocidade dramática?
A OMM serve-se do adjetivo "dramático" para descrever o ritmo a que estão a derreter os glaciares e avisa que as alterações climáticas bateram novos recordes de gases com efeito de estufa lançados para a atmosfera.
O relatório conclui que "o gelo marinho antártico se encontra no nível mais baixo de sempre" e que alguns glaciares europeus estão a derreter a uma velocidade sem precedentes.
O aquecimento da Terra está a acontecer, por igual, em todo o planeta? O ritmo é o mesmo?
O climatologista Ricardo Trigo explica que o aquecimento da Terra está a ser muito mais rápido nos polos do que no resto do planeta.
Há zonas do Ártico que estão a aquecer quatro vez mais rápido do que o resto do planeta.
Por outro lado, a Organização Meteorológica Mundial alerta também que o nível do mar está a subir a um ritmo acelerado.
Sim. Para que se perceba o que isto significa, a camada de gelo da Gronelândia, que está a derreter muito rapidamente, deverá acabar por elevar o nível global do mar em pelo menos 27 centímetros, ou seja, mais do dobro daquilo que anteriormente se previa.
O gelo que se encontra a flutuar, mesmo que desapareça, não contribui para o aumento do nível médio do mar.
Aquilo que fará subir o mar é o gelo que está em terra e que, ao derreter, vai para o mar.
Ou seja, a principal razão para uma subida acelerada do nível do mar tem a ver com a expansão térmica, associada ao degelo na Antártida e na Gronelândia, a taxas crescentes.
Falar-se numa subida de 27 centímetros do nível do mar não parece propriamente assustador.
Pois não, o problema é que esses 27 centímetros de subida do nível do mar correspondem, apenas, ao degelo na Gronelândia e é o dobro daquilo que se esperava que acontecesse.
É preciso perceber que dentro de 200 ou 300 anos a subida do nível do mar já não deverá ser medida em centímetros, mas em metros.
Haverá alguma forma de evitar que o degelo continue a acelerar?
Segundo este relatório da Organização Meteorológica Mundial já não será possível impedir o degelo, a menos que se encontre uma forma de remover o CO2 da atmosfera.