Paulo Rangel defende que o PSD não deve viabilizar um Orçamento do Estado que inclua os conteúdos que o Governo está a negociar com a esquerda parlamentar. No programa “Casa Comum” da Renascença, o eurodeputado social-democrata reconhece que o impasse “põe questões” ao entender que o PSD só poderá viabilizar um outro tipo de proposta de Orçamento.
A posição surge depois de o partido liderado por Rui Rio ter remetido para mais tarde uma decisão sobre o sentido de voto, a conhecer apenas depois das jornadas parlamentares agendadas para 21 de outubro.
“Obviamente, não faz sentido que o PSD vá viabilizar um Orçamento que está completamente virado à esquerda, só porque a esquerda faz birras ou porque António Costa não é capaz de fazer uma negociação séria com os seus parceiros. O PSD não deve estar fechado - e nunca devia estar numa altura destas - a uma viabilização. Essa viabilização tem que ser feita com as condições do PSD. Se as condições são as do Bloco de Esquerda - e muitas delas já são do Bloco e do Partido Comunista - o PSD não tem nada que viabilizar esse Orçamento. Se há sinais neste Orçamento para o PSD viabilizar? Neste momento não há, porque não há um Orçamento virado para as empresas", argumenta Rangel na Renascença.
O dirigente social-democrata considera que a proposta de Orçamento contém aspetos sociais com princípios corretos. No entanto, Rangel diz que o documento esquece as empresas, consideradas um “parente paupérrimo” da política socialista refletido no Orçamento.
“Podemos estar a dar ajudas às pessoas – e devemos fazer isso -, mas se não cuidarmos das empresas, a prazo, as pessoas não vão ter emprego. E, portanto, estas ajudas não vão chegar. Vamos ter um orçamento claramente assistencialista e não de investimento numa verdadeira recuperação económica sustentável. Ao mesmo tempo, com essas cedências à extrema-esquerda, isto não pode ser um bom Orçamento. Vai ser um mau orçamento”, sustenta Paulo Rangel no debate com José Luis Carneiro na Renascença.
O número dois do aparelho socialista, José Luis Carneiro, refuta a acusação que considera não ter fundamento.
“Não é verdade que as pequenas e médias empresas não tenham medidas nomeadamente incentivos fiscais e proteção à liquidez nas empresas nesta proposta do Orçamento”, insiste o secretário-geral adjunto que sublinha que o Orçamento apresentado já resulta de “auscultações políticas” de vários partidos.
Paulo Rangel diz que a injeção de dinheiro público no Novo Banco representa “uma espécie de bomba-relógio ao retardador que de uma forma ou outra vai rebentar no Orçamento” a que se junta, na opinião do social-democrata, o problema da capitalização da TAP.
“É a maior vergonha alguma vez vista. Estamos aqui e já foram 1200 milhões de euros. Agora estão mais 500 milhões que não vão chegar para uma companhia que não sabemos o que vai ser. Neste momento a TAP presta serviços miseráveis e, posso dizer por experiência própria, aos passageiros do norte do país. Está a fazer uma figura absolutamente lamentável. Estamos todos os anos a suportar uma companhia que verdadeiramente não está a servir o interesse nacional”, critica Rangel na Renascença.