A comissão técnica independente nomeada pelo Governo anunciou esta quinta-feira em conferência a "shortlist" definitiva de localizações que vão ser estudadas.
Na lista final estão nove opções para o novo aeroporto, sendo que o atual Aeroporto Humberto Delgado, na zona da Portela, aparece em cinco possibilidades em estudo.
No total são quatro as novidades adicionadas depois da primeira fase de estudo onde houve consulta pública para sugestões de novas localizações. Há outras cinco opções que já estavam admitidas por terem sido propostas pelo Conselho de Ministros.
Lista final das localizações para o novo aeroporto:
- Aeroporto Humberto Delgado + Montijo (Conselho de Ministros)
- Montijo + Aeroporto Humberto Delgado (Conselho de Ministros)
- Alcochete (Conselho de Ministros)
- Aeroporto Humberto Delgado + Santarém (Conselho de Ministros)
- Santarém (Conselho de Ministros)
- Aeroporto Humberto Delgado+ Alcochete (Novo)
- Pegões (Novo)
- Aeroporto Humberto Delgado + Pegões (Novo)
- Rio Frio + Poceirão (Novo)
No entanto durante a primeira fase em cima da mesa estiveram 17 possibilidades e a comissão técnica deixou cair as seguintes possibilidades para o novo aeroporto de Lisboa: Alverca + Portela, Beja, Monte Real, Apostiça, Évora, Ota, Pegões-Vendas Novas, Sintra e Tancos.
Na decisão a CTI teve por base 10 critérios de avaliação. As três principais foram a proximidade, as infraestruturas rodoviárias e ferroviárias para o acesso e uma área mínima para expansão de mil hectares.
Durante a conferência a coordenadora geral da CTI, Maria do Rosário Partidário explicou que Beja, Monte Real, Tancos e Évora não cumpriam o critério de proximidade ao centro de Lisboa (tendo em conta que na Europa a média de distância entre os grandes centros e aeroportos é de 22 Km). Já Sintra é limitada em termos de capacidade de movimentos e área de expansão, assim como a OTA.A Apostiça não tem ferrovia.
Estes são os dez critérios de viabilidade técnico-científica para a escolha das opções.
1. Proximidade (distância ao centro de Lisboa - média europeia 22 Km)
2. Infraestrutura rodo e ferroviária existente ou planeada (Sim/Não)
3. Área de Expansão (mínimo 1000 hectares)
4. Capacidade de movimentos/hora
5. Conflitos com espaço aéreo militar (Sim/Não/Resolúvel)
6. Riscos naturais (inundáveis, sísmicos - maior/menor)
7. População afetada (ruido - estimativa - nº residentes)
8. Áreas naturais e corredores migratórios (avifauna - hectares ZPE)
9. Importância estratégica da Força Aérea (Sim/Não)
10. Existência de EIA e DIA (Sim/Não)
Nesta primeira fase a CTI consultou 70 especialistas e 33 entidades privadas, entre elas companhias aéreas como a TAP, e ainda a NAV, com quem a comissão esteve reunida ainda esta quinta-feira.
Criada no final do ano passado, a CTI, instalada no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa, tem como coordenadora-geral a professora Rosário Partidário e conta com uma equipa de seis coordenadores técnicos.
Os relatórios com as conclusões da CTI têm de estar fechados até novembro, passando-se depois para a fase de discussões públicas.
Peritos consideram que aeroportos duais não são aconselháveis. 6 das opções em estudo são duais
Rosário Macário coordenadora do planeamento aeroportuário fez uma breve apresentação que conclui que o conceito dual não será o mais rentável. Uma vez que o conceito Dual consiste em duas infraestruturas separadas que implica a duplicação de serviços e equipamentos. Já uma só infraestrutura, HUB, será mais benéfica pois de acordo com que explicou Rosário Macário permite economia de custos, aglomera todo o tipo de aviões no mesmo espaço e permite que o tráfego de passageiros entre aviões seja mais rápido.
De acordo com a coordenadora-geral da CTI, “as opções duais são pensadas como projectos a desenvolver a curto prazo, mas que terão ainda de ser estudadas”, disse.
CTI quer ter uma resposta até ao final do ano, mas não se compromete
Maria do Rosário Partidário sublinha que tem a intenção e o objetivo de ter uma resposta final até ao final do ano, ainda assim, aos jornalistas adiantou que há muitos aspetos que podem influenciar os prazos nomeadamente as avaliações técnicas. “Se chegarmos a junho e não tiver estudos técnicos contratados é um bocadinho difícil, nós não conseguimos fazer num mês, os estudos que estão previstos para 6 e 7 meses. O governo libertou verbas para esses estudos há 15 dias, e agora falta todos os processos burocráticos. A única coisa que eu sei e que precisamos de fazer esses estudos para fazer a avaliação”, justificou a coordenadora do CTI. Maria do Rosário Partidário que reconheceu ainda que 9 opções continuam a ser um número elevado.
Moedas preocupado com lentidão e falta de obras na Portela
A saída da conferência, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, lamentou a falta de soluções rápidas e criticou ainda a falta de obras na Portela.
“Só há um critério que não está ali, que é o critério da rapidez. Nós precisamos de tomar uma decisão sobre este tema e aquilo que talvez me deixe um bocadinho preocupado ao sair desta apresentação é saber quando é que a decisão vai ser tomada e como é que nós a vamos tomar”, disse Carlos Moedas, aos jornalistas.
“Todas aquelas opções devem ser analisadas, mas temos que ver qual é a opção que nos permite ter algo de solução imediata”, sublinhou.
Carlos Brazão, promotor do projeto de construção do aeroporto em Santarém, deixou a conferência satisfeito e convicto de que Santarém pode ser mesmo a solução final.
"Congratulamo-nos por duas opções estratégicas baseadas em Santarém passaram para a fase seguinte de estudos. Agora, vamos continuar trabalhar seriamente com a comissão técnica independente para continuar a provar e a demonstrar as mais-valias e benefícios únicos que o projeto tem", sublinha Carlos Brazão.
O aumento do número de opções a serem estudadas gerou críticas por parte da Confederação de Turismo. Francisco Calheiros diz que é urgente construir um novo aeroporto e lamenta o tempo perdido.
"Entrei aqui com cinco hipóteses, saio daqui com nove. A comissão abriu o concurso para que toda a gente pudesse dar a sua ideia de aeroporto. Isto só tem um problema, é que houve 780 propostas de aeroportos, isto é tempo que se está a perder".
Ainda nas reações a associação ambientalista Zero disse concordar com os dez critérios utilizados para se chegar às 9 opções. Ainda assim Acácio Pires sublinha que na lista continua a possibilidade do Montijo proposta pelo Conselho de Ministros.
“Evidentemente as organizações ambientalistas opõem-se à possibilidade de o Montijo ser uma solução, têm uma ação em curso em tribunal para invalidar a declaração de impacto ambiental produzida, mas de qualquer modo a par dessas cinco hipóteses propostas pelo governo que a comissão é obrigada avaliar, parece-me que as novas quatro opções cumprem os critérios”.