O Presidente da República considera que o primeiro-ministro tem amadurecidas as condições para fechar um acordo global bilateral com o Reino Unido e defende que Portugal pode ser dentro da União Europeia ponte com este país.
Marcelo Rebelo de Sousa falava na embaixada de Portugal em Londres, depois de questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de os primeiros-ministros António Costa e Boris Johnson concluírem na segunda-feira um acordo político global sobre o novo quadro de cooperação entre os dois países.
"O primeiro-ministro [António Costa] e o Governo português têm trabalhado muito nisso com o primeiro-ministro, Boris Johnson, e com o Governo britânico. Como o primeiro-ministro [português] estará em Londres na segunda-feira, isto significa que tem amadurecidas as condições para um passo em frente no sentido de um acordo", defendeu o chefe de Estado.
Interrogado sobre a possibilidade de Portugal e o Reino Unido concluírem em breve um acordo bilateral também do ponto de vista comercial, embora sem colidir com as regras da União Europeia em relação a países terceiros, Marcelo Rebelo de Sousa declarou que tal "é possível".
"E já começou a ser preparado no anterior Governo, presidido pelo mesmo primeiro-ministro. Naquilo que não entra em confronto com a União Europeia, cada Estado-membro é livre de ter relações bilaterais", frisou o chefe de Estado.
Neste ponto, o Presidente da República fez questão de apontar que "isso já aconteceu quanto a direitos variados, até políticos, de cidadãos britânicos em Portugal e de portugueses no Reino Unido".
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, o acordo global a fechar entre Portugal e o Reino Unido, "não contradiz" as regras da pertença do país à União Europeia.
"Esse acordo completa, mostrando que Portugal pode ser uma ponte muito interessante com o aliado tradicional Reino Unido dentro da União Europeia", completou.
"Está a ser preparado um acordo chapéu entre os dois países, com particular incidência nas áreas da Defesa, política externa, ciência, Ensino Superior e alterações climáticas, em especial os oceanos", adiantou à agência Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, no final de uma visita ao Royal Brompton Hospital, em Londres, em que acompanhou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.