Pavel Elizarov, um dos manifestantes cujos dados pessoais foram enviados pela câmara municipal de Lisboa à embaixada e ministério dos negócios estrangeiros da Rússia, adiantou esta quinta-feira que tem intenção de apresentar queixa em tribunal contra os responsáveis pelo envio da informação às entidades russas.
Ativista desde 2005, atura em que tinha apenas 18 anos, Elizarov contou, em entrevista à RTP, que foi "um choque" quando descobriu que os seus dados tinham sido partilhados pela CML. "Estava protegido pelo Estado e o mesmo Estado enviou os meus dados para o Estado de onde fugi", disse.
O manifestante foi preso várias vezes na Rússia e conseguiu asilo político em Portugal em 2014. Diz sentir-se seguro no país que o recebeu e acredita que "foi um erro técnico, sem nenhuma intenção interagir com o Governo russo". "Mas aconteceu e acho que isso deve ter consequências sérias", acrescenta.
Questionado sobre se iriam avançar com uma queixa em tribunal, o ativista adiantou que "queremos fazer isso". "É importante perceber quem é responsável por isso, para que não volte a acontecer", defendeu o jovem.
Elizarov explicou ainda como percebeu que os seus dados tinham sido enviados pela autarquia à embaixada russa. "Soubemos antes da manifestação por pura sorte". O ativista explica que enviaram um email à CML a dar conta do dia, hora e local da manifestação, três dias antes do evento.
Como estavam em vigor várias restrições no concelho, devido à pandemia de Covid-19, o email foi também enviado à ARS de Lisboa e Vale do Tejo. Foi na resposta da autoridade de saúde que os manifestantes perceberam que o email continha não só os seus dados pessoais, mas tinha sido partilhado também com a embaixada e o ministério dos negócios estrangeiros da Rússia.
"Depois da manifestação enviamos uma queixa para a câmara municipal de Lisboa, ainda em fevereiro". Receberam uma resposta semelhante à apresentada esta quinta-feira por Fernando Medina, garante.