O Patriarcado de Lisboa faz saber, em comunicado, que D. Manuel Clemente pediu para não se efetivar a atribuição do seu nome à ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão, como é desejo da autarquia de Lisboa.
No comunicado enviado à Renascença, é referido que o patriarca emérito e administrador apostólico da diocese de Lisboa “agradece a atenção da Câmara Municipal de Lisboa, mas não quer, de modo algum, que a atribuição seja causa de divisão, ou que alguém se sinta ofendido”.
“A Jornada Mundial da Juventude, quis ser, muito pelo contrário, uma ocasião de reencontro de todos, em favor de uma sociedade mais justa e solidária", lê-se ainda no documento.
A autarquia de Lisboa revelou que o nome da nova ponte, construída a propósito da Jornada Mundial da Juventude e inaugurada em julho, é uma homenagem ao 17.º patriarca de Lisboa, que renunciou ao cargo após ter completado 75 anos.
“Nos 10 anos de mandato enquanto líder da Igreja de Lisboa, D. Manuel Clemente foi o grande impulsionador da Jornada Mundial da Juventude, que nas palavras do patriarca emérito 'será lembrada como um momento decisivo para uma geração que construirá um mundo mais belo e fraterno’”, lê-se na nota da autarquia.
A homenagem da Câmara de Lisboa foi contestada por ser considerada uma ofensa às vítimas de abusos sexuais por elementos da Igreja
Apesar de ser dirigida à autarquia, tendo em conta o número de assinaturas, a petição poderá ser debatida na Assembleia da República.
Enquanto isso, corre uma outra petição a favor da atribuição do nome do cardeal patriarca emérito à ponte que liga os concelhos de Lisboa e Loures.
Os promotores justificam a proposta com o facto de considerarem D. Manuel Clemente como “um dos grandes sacerdotes do Patriarcado de Lisboa”, defendendo que “o seu modo de agir e de viver foi sempre um grande exemplo e um modelo de vida cristã e de cidadania”.
“D. Manuel Clemente tem toda uma vida de serviço não apenas ao Patriarcado de Lisboa, à Universidade Católica onde foi professor de história, à Diocese do Porto, à formação do clero no Seminário dos Olivais, em Moscavide, aos escuteiros e a toda uma presença de um homem de fé, estudado, prudente, educado em sintonia com o Papa Francisco e com a atitude da Igreja Católica em combater todo e qualquer tipo de abuso no interior da Igreja”, lê-se no texto na petição.
Na visão dos promotores, “se dar um nome a uma ponte é escolher uma pessoa que se tenha realmente dado à nossa sociedade o nome certo é d. Manuel Clemente. É merecido e é para quem o conhece uma pessoa que merece todo o nosso carinho e reconhecimento”.
Os autores da petição defendem que “fique o nome como foi publicado”, pela autarquia de Lisboa, “não que o Patriarca Emérito precise disso para que sempre o valorizemos e nos recordemos dele, mas porque é de justiça. Porque ele não pode ser alvo de tantos ódios e de todos os preconceitos que existem contra a Igreja católica”.
“Apelamos, por isso, que o nome seja mantido como foi já comunicado pela Câmara Municipal de Lisboa e concordado pela Câmara Municipal de Loures”, acrescenta o texto.