O novo patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, considera que o trabalho em Portugal é pouco valorizado e continua a ser mal pago, com muitos trabalhadores a sentirem dificuldades para cumprir com os seus compromissos.
Em declarações à Renascença, no final da abertura do ano da Associação Cristã de Empresários e Gestores (Acege), D. Rui Valério chamou a atenção para as dificuldades financeiras de muitos trabalhadores.
“Eu já vivi nalguns países, nomeadamente aqui na Europa, e surpreende-me ver como o trabalho em Portugal continua ainda a ser pouco valorizado e recompensado. Acho que é um desafio para todos nós quando constatamos que um trabalhador, que se dedica inteiramente à sua missão, função, emprego e trabalho, nos últimos dias do mês ou às vezes nem é nos últimos, é a meio do mês, começa a sentir uma dificuldade extrema”, lamenta D. Rui Valério.
O patriarca de Lisboa pede um equilíbrio entre a valorização do trabalho e os desafios das empresas, e diz que a Igreja pode servir de pêndulo.
“Equilibrar isso com os próprios desafios que as empresas já têm, em termos de comparticipação de impostos, de uma concorrência forte no mercado, tudo isto são equilíbrios que requerem, mais do que nunca, o estabelecimento de um equilíbrio e de uma balança, que eu julgo que a Igreja pode servir de pêndulo ou, pelo menos, de inspiração”, sublinha.
D. Rui Valério alerta ainda para a necessidade de se promover a dignidade dos migrantes que procuram Portugal. O patriarca de Lisboa pede critérios e princípios de trabalho e a certeza de que um imigrante é um irmão.
“Tenho sentido em todos os setores da sociedade, da Igreja, ao Estado, às instituições sociais, estamos mobilizados para promover aquela dignidade a que cada ser humano tem direito. E a promoção da dignidade passa por facultar uma habitação condigna, critérios e princípios de trabalho em que não prevaleça uma uma lei qualquer mas a lei do Estado de Direito, e fundamentalmente que prevaleça aquela certeza de que um imigrante é um irmão e uma irmã, que eu como crente considero ser um autêntico dom de Deus”, apela D. Rui Valério.