Rita Dias está grávida de oito meses e tem o parto previsto para a primeira quinzena de julho. Vive a gravidez com natural felicidade, mas também não esconde alguma preocupação devido aos constantes encerramentos na maternidade e bloco de partos do Hospital de Portimão. "Acho que agora está bastante pior. Isto tomou proporções inimagináveis e ainda por cima o Algarve só tem dois hospitais centrais", lamentou em entrevista à Renascença.
Ainda não precisou de ir ao hospital, mas em caso de urgência tem que percorrer cerca de 70 quilómetros quando surgem estes encerramentos. É aproximadamente uma hora de viagem até Faro, mas que pode parecer muito mais quando estiver perto de dar à luz. "É sempre um transtorno porque depois não temos lá apoio de nenhum familiar e não temos ninguém conhecido. Eu trabalho no Hospital de Portimão e já conheço as pessoas. São situações chatas e infelizmente não pensam em nós enquanto utentes".
No entanto, Rita também teme que tenha que vir a fazer ainda mais quilómetros: "Se nós recorrermos à urgência de Portimão e Faro também estiver cheio sabe-se lá se não temos que ir para o Alentejo porque Faro fica tão sobrecarregado que não consegue dar resposta a toda a gente".
A mulher está num grupo de preparação para o parto onde todas as grávidas mostram ansiedade e muitas já pensam ir para o privado. Rita já pôs esse cenário em cima da mesa, mas ainda tem a esperança que as coisas venham a acalmar. "Não me quero preocupar e ficar ansiosa porque não traz nada de bom, mas o que é certo é que é preocupante porque nós não temos aqui os especialistas e os cuidados que necessitamos".
Em pouco mais de uma semana, a situação repete-se. A maternidade e bloco de partos de Portimão estão encerrados desde as 16h00 de sexta-feira e só voltam a abrir às 09h00 de segunda-feira.