A época da Casa Pia na I Liga vai começar com o Estádio Nacional como casa emprestada. Há já algum tempo que o senhorio – a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) – sabe que tem um novo inquilino à espera para ocupar o espaço que tem estado alugado à Belenenses SAD.
Numa entrevista a Bola Branca, o presidente do Casa Pia Atlético Clube, Vítor Franco, anuncia que as negociações com a FPF vão avançar e confirma que o Estádio Pina Manique entra em obras.
“É uma exigência da Liga, temos de aumentar a lotação do estádio e fazer as obras. Quase de certeza que, enquanto não obtivermos a legalização da Liga, jogaremos no Estádio do Jamor”, revela o dirigente, complementando que “só ontem se concretizou a subida e só ontem começaram as obrigações". "Havia conversas informais sobre o assunto para não sermos apanhados totalmente desprevenidos, mas também não queríamos dar a ideia de que as coisas já estavam resolvidas. Agora, é acelerar essas conversas” declara.
I Liga é realidade para “aguentar”, sem ilusões e sem comprometer o futuro
Ao fim de longos 83 anos, o Casa Pia está de regresso ao escalão principal do futebol português. A maior parte dos adeptos do emblema lisboeta nunca viu o clube na atual I Liga, depois da descida de divisão na longínqua temporada de 1938/39, nos primórdios do então Campeonato Nacional.
Para este regresso contribuiu a decisão tomada pelos sócios do Casa Pia, que há cerca de dois anos aprovaram a constituição de uma Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ), abrindo as portas à entrada de um investidor. A escolha de Vítor Franco recairia nos dólares do empresário americano Robert Platek, através da empresa MSD Capital, que detém outras participações em clubes, como são os casos do Spezia (Itália) e do Sonderjysk Elitesport (Dinamarca). Vitor Franco faz notar que a parceria com o investidor é para respeitar em tudo o que disser respeito ao planeamento da próxima época.
“Temos um acordo com um grupo americano e, portanto, será um esforço conjunto no sentido de equilibrar as coisas e tornar o Casa Pia sustentável e sem grandes ilusões”, sublinha o dirigente, deixando subjacente a ideia de que o futuro do clube não pode ser comprometido por esta segunda aventura no escalão principal do futebol português.
Plantel da subida pode manter a “espinha dorsal”. Planeamento da época arranca dentro de poucos dias
Confrontado pela Renascença com a eventualidade de o Casa Pia manter a “espinha dorsal” do plantel liderado pelo treinador Filipe Martins, que elevou o clube à I Liga, Vítor Franco responde:
“Suponho que sim. A comunicação social era unânime em que tínhamos uma boa equipa e bons jogadores. Vamos estudar e ver qual é o plantel que conseguiremos para sustentar a nossa permanência na I Liga”, diz o dirigente que daqui a poucos dias vai arregaçar as mangas, juntamente com a administração da SDUQ, para alinhavar a próxima época.
“O responsável pela equipa profissional é o Dr. Tiago Lopes. Como falei com ele ontem, agora vamos festejar, vamos dar um ou dois dias e, depois, começaremos a trabalhar no plantel e na organização”, esclarece.
Parabéns ao Rio Ave. Futuro do Casa Pia é "ver para crer"
Nesta entrevista a Bola Branca, o presidente do Casa Pia admite que “a subida podia ter sido resolvida um bocadinho antes”, não deixando de assinalar que “os adversários são valorosos e já aproveitei para felicitar o Rio Ave; ao fim e ao cabo, eles é que foram os campeões”, declara.
O importante é que o Casa Pia subiu à I Liga. Vitor Franco vai fazer tudo para que a próxima época corra bem e tenciona manter o hábito de ver para crer:
“Acho que é um bom hábito”, diz entre sorrisos, antes de desvendar as conversas que esta época ia mantendo no balneário com os jogadores e equipa técnica do Casa Pia.
“Eu brincava com eles, dizendo que iam subir, mas sempre de pé atrás. Eles são mais positivos do que eu”, revela, para concluir enfatizando que o objetivo na I Liga é “aguentar e não entrar em loucuras”.