Até domingo sobe ao palco do Teatro Municipal São Luiz a peça infantil “Do bosque para o mundo”. É uma “história sobre uma viagem penosa e dura” de um rapaz afegão, de 12 anos, que procura refúgio na Europa, descreve à Renascença o encenador Miguel Fragata.
Esta peça, com texto de Inês Barahona e encenação de Miguel Fragata, tenta explicar aos mais novos o drama dos refugiados. Em palco estão as narradoras Anabela Almeida e Manuela Pedroso.
“Por mais que tentemos proteger as crianças deste embate, este é um tema que está presente”, justificou Miguel Fragata, reconhecendo que o objectivo era abrir espaço para que adultos e crianças possam falar sobre o assunto.
No palco há malas de viagem de vários tamanhos e feitios e um gigante mapa da Europa, no qual se traça a viagem dos irmãos Farid e Reza, duas crianças afegãs enviadas pela mãe com destino a Inglaterra, e que serão separadas durante o percurso.
À agência Lusa, Inês Barahona explicou que a intenção da peça é falar sobre o drama de quem foge de cenários de conflito e "dar espaço e confiar na inteligência das crianças para que façam a sua leitura e a sua reflexão. Quando isso acontece, as questões naturais de cada um emergem".
Pode haver milhares de quilómetros, toda uma geografia e um contexto político e social a separar a realidade de uma criança em Portugal de uma do Afeganistão, mas há questões "deste rapaz de 12 anos [a personagem Farid] e que ele próprio enuncia e que são comuns a muitas das crianças que virão assistir ao espectáculo", disse.
Miguel Fragata e Inês Barahona tiveram necessidade de explicar conceitos básicos, sobre o que é ser refugiado ou traficante, sobre asilo, e quais as regras dos países europeus, recorrendo a várias estratégicas cénicas apelativas.