Poucos minutos depois de Juan Guaidó terminar o seu discurso em Las Mercedes, noutro ponto de Caracas, na Avenida Simón Bolívar, Nicolás Maduro falava a outros tantos milhares de pessoas, isto no dia em que se assinala o 20.º aniversário da Revolução Bolivariana, ou seja, da tomada de posse de Hugo Chávez.
Segundo o Presidente venezuelano, ali, na Avenida Simón Bolívar, estavam os “invisíveis da Venezuela”, aqueles que, diz, “são um povo que luta há 20 anos mas que a televisão mundial diz que não existe”. Lembrando o aniversário da Revolução Bolivariana, Maduro garante que a Venezuela foi “o epicentro da primeira revolução socialista” do século XXI e que, por isso, “não houve nem vai haver ditadura” – o que há é “democracia verdadeira”.
Quanto a Juan Guaidó, líder da oposição (Vontade Popular) que se autoproclamou Presidente interino na semana passada, Nicolás Maduro afirmou que é ele (e não Guaidó) o Presidente legitimo. “Por decisão soberana e constitucional, sou o Presidente da Republica Bolivariana da Venezuela. Presidente soberano, Presidente no exercício, Presidente-trabalhador, Presidente do povo e Presidente ‘chavista’”, lembrou.
Feito o “lembrete”, Maduro deixou um apelo a Guaidó e à oposição, para que “abandonem o caminho do intervencionismo ‘yankee’”. “Deixem de apoiar um golpe de Estado que já fracassou. O golpe de Estado que pretenderam fracassou e vocês ainda não se aperceberam. Aqui [na Avenida Simón Bolívar] está a verdadeira revolução”, disse Nicolás Maduro.
Estava dado o tiro de partida para o ataque cerrado, mais um, de Maduro a Trump e à Casa Branca, que, diz o Presidente venezuelano, “é governada pelo Ku Klux Klan”.
“Pergunto aos venezuelanos e às venezuelanas: vamos entregar a soberania do nosso país aos gringos? Vamos entregar as riquezas petrolíferas a Donald Trump? Vamos converter-nos numa colónia gringa?”, questionou Maduro aos apoiantes, que prontamente responderiam “Não!”, garantindo Maduro, depois disso, sentir “vergonha alheia” da Administração de Trump.
Nicolás Maduro não esqueceu a manifestação que decorria à mesmo hora em Las Mercedes, Caracas, bem como em outros locais do país, e onde se exigem a Maduro eleições livres. Maduro garantiu que em 2019 se realizarão eleições, sim. Mas não presidenciais – prometendo apenas a antecipação das parlamentares. E concluiu: “Se vocês querem [eleições], nós queremos.”
Por fim, e mesmo lembrando que “o povo da terra sagrada Venezuela é pacifista”, Maduro garante que os militares e a população estão consigo e deixou um aviso à oposição: “Se queres paz, prepara-te para a guerra.”