O TikTok anunciou, esta terça-feira, uma nova ferramenta para os pais poderem acompanhar os filhos na plataforma. As novidades do Acompanhamento Familiar foram apresentadas aos jornalistas pela empresa, em Lisboa, e "bebem" de outra funcionalidade já disponibilizada o ano passado, a de filtrar do feed vídeos com palavras, hashtags e expressões "indesejadas".
As contas de adolescentes já dispõem de filtros automáticos que impedem (em teoria) os mais novos de serem confrontados na sua página "Para Si" com conteúdos mais "maduros" ou "complexos", mas passam, agora, a ter mais uma camada personalizável de limitações. Com este Acompanhamento Familiar, os pais que decidam emparelhar as suas contas com as dos adolescentes podem, igualmente, decidir que estes não terão acesso a conteúdo relacionado com palavras chave que considerem mais problemáticas.
O controlo é dos pais, mas a última palavra é dos jovens: as crianças podem ver as palavras-chave que os pais adicionaram como filtros para garantir "transparência", diz a empresa. A plataforma acredita que, assim, se garante que "são respeitados os direitos dos jovens de participar no mundo online".
Com o mesmo intuito, o TikTok também assegura querer ouvir a opinião dos jovens, que constituem uma grande parte dos seus utilizadores, e decidiu criar um "Conselho de Jovens" mundial. O objetivo é "evitar a criação de soluções de segurança para adolescentes que podem ser ineficazes ou inadequadas para a comunidade que a plataforma pretende proteger", diz, em comunicado.
A novidade será lançada "ainda este ano" e irá permitir "ouvir as experiências daqueles usam diretamente a plataforma". Desconhece-se, para já, como irá funcionar este fórum e como os jovens vão poder participar. Novidades? Só "nos próximos meses", mas a ideia é, explicou Emer Cassidy, responsável pela área de product policy do TikTok para a região da Europa, Médio Oriente e África (EMEA), "envolver os jovens na conversa". "Queremos trabalhar com os adolescentes, receber o seu feedback e usá-lo para desenhar as nossas regras", admite.
A plataforma já tinha criado, em março, uma pré-definição de 60 minutos de limite de utilização diária para adolescentes (ao fim desse tempo, as contas recebem um aviso). Segundo avança agora a rede social, "três quartos dos adolescentes" optaram por manter o limite (que continua a ser opcional).
Mais de 17 milhões de contas de menores apagadas
Emer Cassidy explicou, na mesma conferência, que, entre outubro e dezembro de 2022, a rede removeu "17 877 316 contas por suspeita de pertencerem a menores de 13 anos".
Nesta tarefa a empresa conta com a ajuda da Inteligência Artificial, que filtra a maioria dos conteúdos e contas que violem as suas diretrizes, mas também com cerca de 40 mil profissionais (entre moderadores de conteúdos e não só), que auxiliam na monitorização do que é inserido na plataforma.
A Inteligência Artificial vai aprendendo com os moderadores e o objetivo é que os mesmos sejam cada vez menos necessários, mas há "moderadores especializados em áreas mais complexas", especialmente nas relacionadas com menores. Estes profissionais operam em mais de 70 línguas diferentes, incluindo português de Portugal, como garantiu à Renascença Emer Cassidy que, no entanto, não adiantou quantas pessoas em Portugal se encarregam desta tarefa, que passa muito por "dar contexto e identificar nuances".
O país, de resto, não parece levantar preocupações particulares à plataforma de vídeos móveis de curta duração. Adela Aleka, responsável de comunicação do TikTok para Portugal, Itália e Grécia, garantiu na mesma conferência que a empresa não está em conversação direta com o Governo português e não tem conhecimento de quaisquer planos lusos em "banir a aplicação de dispositivos oficiais", como aconteceu nos dispositivos europeus. O TikTok, mesmo assim, assegura estar disponível para colaborar com o executivo português.