Na quarta-feira da semana passada a Reserva Federal, o banco central dos Estados Unidos, subiu os seus juros diretores 0,25%. As anteriores subidas tinham sido de 0,5%, mas a inflação na América mostra agora um claro abrandamento, requerendo uma política monetária menos restritiva.
Na Europa a inflação também dá sinais de abrandamento, mas menos nítidos do que os registados nos EUA. Por isso o Banco Central Europeu (BCE) subiu de novo 0,5% os seus juros. E Christine Lagarde, presidente do BCE, previu que, em 16 de março próximo, haverá uma nova subida de igual dimensão. Depois disso se verá como evolui a inflação; a partir daí, se o abrandamento da alta de preços for então inequívoco, poderá o BCE atenuar futuras subidas de juros.
A subida dos juros causa problemas a quem paga os juros de empréstimos à habitação, por exemplo. E também sobe a fatura dos juros pagos pela dívida do Estado. Relativamente a este último ponto são de sublinhar dois pontos. Primeiro, a dívida pública portuguesa baixou para menos de 115% do PIB no final de 2022, contra 135% em 2020 e 126% em 2021. É uma descida positiva.
Por outro lado, os juros que Portugal paga pela dívida a dez anos têm-se mantido abaixo do que paga a Itália e também a Espanha. O que mostra que os mercados confiam na capacidade do nosso país cumprir os seus compromissos no pagamento de juros e amortizações da sua dívida. Essa confiança poupa muito dinheiro ao bolso dos contribuintes portugueses.
A subida dos juros pelos bancos centrais visa combater a inflação, travando o crescimento económico. Não é, portanto, um remédio indolor. Ora o clima económico na zona euro revela-se agora menos negativo do que o previsto ainda há pouco tempo; existe hoje uma apreciável probabilidade de não ocorrer uma recessão na economia europeia.
Mas não haja ilusões – se a inflação empobrece a maioria dos portugueses, o seu combate envolve custos económicos e sociais. Consolemo-nos com a ideia de que esses custos seriam ainda mais pesados se a inflação não fosse combatida pelo BCE.