É uma luta que está ao rubro, e um braço de ferro que terá de ser resolvido no mais curto espaço de tempo. A escola precisa de "paz e estabilidade" no contexto de uma greve "atípica e por tempo indeterminado", defende a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas face à atual tensão entre professores e Governo.
Filinto Lima considera que, a bem da escola pública, as negociações terão de incluir outro Ministério para além da tutela e dos sindicatos: também o das Finanças terá de ser chamado à mesa das negociações, isto porque acima de tudo está em causa o investimento na escola pública.
"Esta solução passará de facto por uma reunião entre duas partes - a tutela e os sindicatos - mas é preciso não esquecer que neste encontro tem de estar, na nossa opinião, quase que obrigatoriamente uma entidade muito importante que é o Ministério das Finanças, porque de facto esta questão passa por um investimento forte na escola pública e nos seus recursos humanos, leia-se professores e pessoal não docente", indica à Renascença.
Para o presidente da Associação Nacional de Agrupamentos e Escolas Públicas, mais do que discutir "algo que o ministro [da Educação] já desmentiu e que foi aproveitado pelos sindicatos, que foi a hipótese de serem as comunidades intermunicipaís a contratarem os professores", em cima da mesa devem estar "os reais problemas dos professores".
A questão de as autarquias passarem a contratar professores "poderá ser um problema dos sindicatos", indica Filinto Lima, mas "os dos professores são outros".
Entre elas conta-se "o atual modelo de desempenho docente e dos diretores", que é "aberrante e muito injusto", bem como "a falta de apoio aos professores que estão a centenas de quilómetros de casa".
Estes são problemas que os docentes enfrentam há anos e que, na opinião do dirigente, levaram a uma divisão entre os sindicatos.
"Ao contrário do que todos julgavam e do que se dizia, que a classe docente não é uma classe unida, a classe docente está a demonstrar que é muito unida. Mas de facto, é uma luta genuína que vai para além dos sindicatos que estão a fazer os protestos em cada escola e em cada região", defende Filinto Lima.