A Póvoa de Varzim quer ser eleita Cidade Criativa da Literatura e para tal prepara uma Candidatura à Rede de Cidades Criativas da UNESCO. A pretensão foi anunciada pelo Vereador da Cultura da autarquia, Luis Diamantino na apresentação do Festival Correntes d'Escritas que começa esta quarta-feira, na terra que viu nascer o escritor Eça de Queirós.
Até dia 24 passam pela Póvoa mais de oitenta autores de 14 nacionalidades, todos falantes das línguas portuguesa e espanhola. É a eles que será atribuída a tarefa mais desafiante deste festival criado há 19 anos. Ao longo dos dias os que participam nas dez mesas previstas terão de falar sobre os temas propostos para cada sessão. E nem sempre é fácil. A cada ano há quem fuja às frases título ou a quem as tente dissecar. Para este ano está previsto por exemplo logo na primeira mesa, no dia 21 às 17h30 ouvir poetas como Ana Luisa Amaral, Fernando Pinto do Amaral, Filipa Leal ou o poeta cabo-verdiano, Prémio Camões 2009, Arménio Vieira falarem a partir da frase "Hoje são estas as palavras, amanhã não sei".
O primeiro dia das Correntes ficará antes marcado pelo anúncio do vencedor do Prémio Correntes d'Escritas este ano dedicado à prosa e para o qual há 14 finalistas e pelo lançamento da Revista das Correntes dedicada este ano ao escritor brasileiro Luis Fernando Veríssimo. A sessão contará com a presença do Ministro da Cultura, Luis Filipe Castro Mendes.
Uma novidade este ano é que a sessão de abertura do festival será, não uma conferência mas uma performance. O escritor brasileiro que no ano passado se estreou nas Correntes, Ignácio de Loyola Brandão regressa para fazer um espectáculo de duas horas em que será acompanhado pela sua filha, a cantora Rita Gullo e o músico Edson José Alves.
Na quinta-feira dia 22, o Cine-Teatro Garrett, o epicentro das conferências recebe às 10h os escritores Alberto S.Santos, Isabel Rio Novo e Miguel Real entre outros para uma a sessão em que marcará presença o Ministro da Cultura de Cabo-Verde, Abraão Vicente e em que falarão sobre "Escrever é um acaso de circunstâncias". Já da parte da tarde para falar sobre a temática "Escrevo para dizer aquilo que não sei" estão convocados os autores Ana Margarida de Carvalho, Filipa Martins, João Paulo Cotrim e Kalaf Epalanga. A marcar o dia estará também a sessão das 18h com a presença de Bruno Vieira Amaral, Inês Pedrosa, o brasileiro Eric Nepumeceno e Filipa Melo.
Até sábado passam ainda pela Póvoa de Varzim escritores como os espanhois Antonio Muñoz Molina ou José Manuel Fajardo, a cubana Karla Suarez, o moçambicano Ugunlani Ba Ka Khosa ou os portugueses Afonso Cruz, João Tordo, Sandro William Junqueira, Isabela Figueiredo, Mário Zambujal, Rodrigo Guedes de Carvalho, o poeta Daniel Jonas ou Onésimo Teotónio Almeida - o escritor açoriano emigrado nos Estados Unidos e que há anos encerra sempre com uma conferência bem humorada a última sessão das Correntes d'Escritas.
Iniciativas paralelas
O Programa Obra Aberta que a Renascença faz em parceria com o Centro Cultural de Belém e o editor João Paulo Cotrim muda-se de casa esta semana. Irá estar na Póvoa de Varzim, no âmbito do Festival Correntes d'Escritas numa sessão aberta ao público no Hotel Axis, na quarta-feira às 22h. Os convidados para a conversa serão os escritores Afonso Cruz e Manuela Costa Ribeiro, que além de autora é uma das organizadoras das Correntes d'Escritas.
Também durante estes dias de festival há duas exposições para ver na Póvoa de Varzim. O Lugar do Desenho- Fundação Júlio Resende apresenta uma exposição dedicada ao trabalho do pintor que foi aluno de uma escola da Póvoa. Na mostra no Museu Municipal de Etnografia e História serão incluídos alguns desenhos inéditos que Julio Resende pintou então. Também em colaboração com a Fundação de Serralves apresenta-se na sala de atos do Cine-Teatro Garrett a mostra "Um Realismo Cosmopolita: em torno do Grupo KWY".
Tal como em anos anteriores, as Correntes d'Escritas apostam em semear o gosto pela leitura entre os mais novos e durante os dias em que está embaixada literária estaciona na Póvoa os escritores desdobram-se em idas às escolas da região e em contactos com os alunos. Paralelamente acontecem também vários lançamentos de novos livros, há uma feira do livro a decorrer e este ano o comércio local foi desafiado a transformar as suas lojas em pequenas livrarias durante os dias do festival.
A Renascença marca também presença com o programa Ensaio Geral que irá para o ar na sexta-feira, depois das 23h e que terá como convidados os escritores Eric Nepumeceno e Rodrigo Guedes de Carvalho.