O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, reconheceu esta terça-feira que o aumento dos pedidos de apoio de famílias a estas instituições sociais devido à crise "já se começa a notar” em algumas regiões.
O aumento dos pedidos de apoio por famílias “ainda não é generalizado, mas em alguns sítios já começa a haver sinais, como por exemplo o Barreiro ou o Algarve, regiões onde isso se começa a notar”, disse Manuel Lemos à Lusa em Ourique, no distrito de Beja, à margem de uma visita que está a realizar, esta terça e quarta-feira, a algumas misericórdias da região.
Segundo Manuel Lemos, a inflação e o aumento dos custos com energia e combustíveis "estão a causar muitos, muitos problemas” no setor social, antevendo que este ano se venha a registar “um número recorde de instituições [sociais] com resultados negativos se o Governo, até lá, não tomar medidas”.
O presidente da UMP defendeu que seja concedido “um apoio extraordinário” às instituições sociais, “que são a grande ‘almofada social’ que está no terreno”.
Manuel Lemos elogiou o anúncio do Governo de taxar os lucros excessivos das empresas dos setores da energia e da distribuição alimentar, receita que será destinada à população mais vulnerável, através das entidades do setor social.
“É obviamente uma medida muito boa, que aliás outros países da Europa já tomaram”, afirmou.
Em declarações à Lusa, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ourique, José Raul Santos, confirmou que estas entidades atravessam “um período difícil”, devido aos aumentos da inflação e dos custos com combustíveis e energia.
“Até 30 de setembro tivemos um aumento nos custos com energia de 42%, na ordem dos 13 mil euros, e ainda nos falta apurar os meses de outubro, novembro e dezembro. Isto é impensável”, disse.
Um quadro que levou o provedor da misericórdia alentejana a pedir “uma resposta muito clara e objetiva” do Governo, para fazer face ao que pode vir a ser "um descalabro".