A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou esta quinta-feira que pretende fazer um pedido formal de perdão às vítimas dos abusos sexuais por parte de membros da Igreja.
No final da assembleia plenária que decorreu em Fátima, o presidente da CEP, D. José Ornelas, disse que o mais importante é receber o relatório da comissão independente que investiga o assunto, para que os bispos tenham conhecimento do teor das denúncias e percebam como tudo aconteceu, mas a intenção é, desde já, pedir formalmente perdão.
Segundo D. José Ornelas "esta comissão vai fazer outras propostas", mas "uma das sugestões que nós entendemos e partilhamos completamente" é o pedido de perdão, revelou o bispo.
"Um pedido solene, mas marcante, de perdão", sublinhou, "porque quando eu peço perdão, estou a dizer que estou traçando limites à compreensão e à aceitação de comportamentos destes. Que são inaceitáveis", concretizou.
De qualquer modo, os bispos não decidiram avançar com esse pedido formal porque "o importante agora é que chegue o relatório" e "que se entenda as coisas”.
Nesta conferência de imprensa, D. José Ornelas revelou que a CEP nada mais sabe do que aquilo que a Comissão deu a conhecer na última conferência de imprensa.
Contra "generalizações" e "condenações"
O presidente da Conferência Episcopal reconheceu também que as notícias que têm saído sobre denúncias de casos têm causado impacto na sociedade e lamentou as "generalizações" e "condenações" que se fazem na praça pública.
Para D. José Ornelas, "ninguém de bom nome ficaria indiferente quando se fazem generalizações deste género".
"Algumas pessoas podem desligar-se e criar 'anticorpos' em relação à Igreja", admitiu o também bispo de Leiria-Fátima, sublinhando que esse é mais um fator que justica "a nossa preocupação e o nosso esforço para resolver claramente estes casos".
Crise. Bispos pedem "convergência de regime"
Nesta conferência de imprensa que encerrou a assembleia plenária de novembro, o presidente da CEP revelou também que os bispos portugueses estão muito preocupados com a situação económica das famílias.
"O que se vê é que, de facto, aumentaram significativamente os pedidos de ajuda, de alimentos", afirmou D. José Ornelas, para quem é "particularmente grave" o facto de que "não são pessoas desempregadas, mas pessoas que têm o seu trabalho" e "que não conseguem fazer frente às suas responsabilidades e às necessidades da sua família".
"Durante a pandemia, nós tivemos situações destas e encontraram-se soluções", lembrou o bispo, que frisou que "o que agora está a experienciar-se é qualquer coisa de certo modo mais grave."
Por isso e porque "também há meios novos" de ajuda, o bispo defendeu que "deviam ser postos ao serviço desta situação”.
Indispensável é, para D. José Ornelas, que haja "convergência e acordos de regime" entre os partidos políticos, para que se resolva a situação.