O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse esta quarta-feira aos embaixadores da ONU em Jerusalém que a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) foi "totalmente infiltrada" pelo movimento islamita palestiniano Hamas.
"A UNRWA está totalmente infiltrada pelo Hamas, [e] precisamos de outras agências das Nações Unidas e de outras organizações humanitárias" em seu lugar, afirmou Netanyahu, numa altura em que a agência está a ser posta em causa por Israel pelo alegado envolvimento de alguns dos seus funcionários no atentado de 7 de outubro, o que desencadeou a suspensão do seu financiamento por alguns dos principais países doadores.
O chefe do executivo israelita assegurou aos familiares dos mais de 100 reféns que continuam em poder do Hamas na Faixa de Gaza que está a ser preparado um plano para resgatá-los, no meio de intensas negociações para um novo cessar-fogo na guerra.
"Ainda é demasiado cedo para dizer como será, o plano está a ser feito neste mesmo momento", disse Netanyahu a 26 representantes de 18 famílias, numa reunião realizada em Jerusalém, segundo um comunicado do seu gabinete.
"Estamos a fazer tudo o que é possível" para resgatar os reféns, garantiu o primeiro-ministro, escusando-se a fornecer pormenores sobre um eventual acordo com o Hamas.
"Quanto mais discreta for [a negociação], maiores são as hipóteses de êxito", argumentou Benjamin Netanyahu, asseverando que a sua vontade de recuperar os reféns é "genuína".
Desesperados, os familiares dos reféns têm realizado manifestações cada vez mais maciças em Telavive, Jerusalém e outras cidades israelitas para pressionar Netanyahu a ceder às exigências do Hamas, para conseguir a libertação dos seus entes queridos.
Nas últimas semanas, o Hamas declarou-se disposto a libertar os reféns em troca de um cessar-fogo definitivo, o que Netanyahu tem veementemente rejeitado, por defender que a guerra deve continuar até que o grupo islamita seja "eliminado".
No entanto, o Qatar, o Egito e os Estados Unidos, que estão a servir de mediadores na guerra entre Israel e o Hamas, estão a negociar uma nova trégua semelhante à realizada durante uma semana no final de novembro, que permitiu a libertação de 105 reféns em troca da libertação de 240 palestinianos (mulheres e menores) detidos nas prisões israelitas.
O Hamas - que exige a retirada total das tropas israelitas de Gaza - está atualmente a analisar um projeto de acordo proposto pelo Qatar que inclui a libertação de 35 reféns civis em troca de um cessar-fogo total durante 45 dias, a libertação de cerca de 100 prisioneiros palestinianos por cada refém libertado e um aumento da ajuda humanitária para a devastada Faixa de Gaza.
Numa segunda fase, seriam libertados os reféns militares e, numa terceira, seriam recuperados os cadáveres dos reféns que morreram em cativeiro.
No entanto, o ministro da Segurança israelita, o extremista anti-árabe Itamar Ben Gvir, avisou hoje que não aceitará um acordo que implique a libertação de milhares de prisioneiros palestinianos ou que "ponha em perigo a segurança de Israel".
Por seu lado, o ex-primeiro-ministro e líder da oposição israelita, Yair Lapid, disse ao Canal 12 que o seu partido está disposto a juntar-se ao Governo de Netanyahu "para substituir" os partidos ultranacionalistas Poder Judaico, de Ben Gvir, e Sionismo Religioso, do ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, para garantir a libertação dos reféns.
Tanto Ben Gvir como Smotrich protagonizaram polémicas devido ao seu discurso de extrema-direita e contra a população palestiniana, que querem fora da Faixa de Gaza.